Papa Francisco durante audiência no Vaticano (Foto: Yandex)

O Papel dos Papas e o que acontece quando eles adoecem

O Vaticano possui leis e rituais detalhados para garantir a transferência de poder quando um papa morre ou renuncia. No entanto, essas regras não se aplicam caso ele esteja doente ou inconsciente. Atualmente, o Papa Francisco, hospitalizado em estado crítico devido a uma infecção pulmonar complexa, continua no comando da Igreja Católica, mesmo em sua condição delicada.

No domingo, 23 de fevereiro de 2025, o Vaticano informou que Francisco passou por uma noite tranquila após uma crise respiratória prolongada no dia anterior, que exigiu altos fluxos de oxigênio. Apesar da gravidade de sua saúde, ele permanece consciente e em pleno exercício de suas funções.

A internação de Francisco, que já dura 10 dias, igualando a duração de sua hospitalização em 2021, reacendeu discussões sobre a possibilidade de ele seguir os passos de Bento XVI e renunciar caso se torne incapaz de liderar. A idade avançada e a doença prolongada do pontífice levantam questões sobre como o poder papal é exercido e transferido em situações de incapacidade.

O papa é considerado o sucessor do apóstolo Pedro e o líder máximo da Igreja Católica, com autoridade teológica e espiritual. No entanto, a administração cotidiana do Vaticano é delegada à Cúria Vaticana, liderada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Mesmo durante a hospitalização de Francisco, as atividades da Igreja seguem normalmente, incluindo os preparativos para o Ano Santo de 2025.

Quando um papa adoece, não há regras específicas no direito canônico para lidar com sua incapacidade temporária. Embora existam normas para dioceses cujos bispos estejam impedidos de exercer suas funções, não há diretrizes claras para o papa. Em 2021, especialistas em direito canônico propuseram a criação de normas para preencher essa lacuna, sugerindo que, em casos de incapacidade, o poder seria transferido para o Colégio dos Cardeais.

Francisco já havia preparado uma carta de renúncia em 2022, a ser usada caso ficasse incapacitado por motivos médicos. No entanto, o texto não é público, e não se sabe se teria validade canônica. O direito canônico exige que uma renúncia seja “livre e devidamente manifestada”, como ocorreu com Bento XVI em 2013.

Em caso de morte ou renúncia, o Vaticano segue um conjunto de ritos e cerimônias para governar o período de interregnum, conhecido como sede vacante. O camerlengo assume a administração da Santa Sé, certifica a morte do papa, organiza o funeral e prepara o conclave para a eleição do sucessor. Atualmente, o cardeal Kevin Farrell ocupa essa posição.

Enquanto Francisco luta pela recuperação, a Igreja Católica segue suas atividades normais, aguardando notícias sobre o estado de saúde do pontífice. A situação reforça a necessidade de discutir e estabelecer diretrizes claras para o futuro, garantindo a continuidade da liderança da Igreja em momentos de crise.

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