Os dados do Payroll de abril trouxeram um alívio para a economia americana, superando as expectativas e afastando, ao menos por ora, o espectro de uma recessão abrupta. O relatório, divulgado recentemente, revelou a criação de 177 mil novas vagas de trabalho fora do setor agrícola, um número acima das projeções iniciais, que giravam em torno de 130 a 140 mil. Apesar de ligeiramente inferior ao resultado revisado de março, de 185 mil, o desempenho do mercado de trabalho americano em abril demonstra resiliência.
Embora os números de abril sejam positivos, analistas alertam que eles ainda não refletem integralmente os possíveis impactos das políticas tarifárias de Trump, implementadas no início do mês. Além disso, alguns sinais de cautela podem ser observados nos dados, exigindo uma análise mais aprofundada do cenário econômico. O mercado de trabalho, portanto, continua sendo um ponto de atenção para investidores e formuladores de políticas.
A geração de empregos foi impulsionada por diversos setores, com destaque para o setor de serviços, que criou 156 mil vagas. O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Banco Bradesco ressaltou a importância da geração de vagas nos setores de saúde, transporte e financeiro. Adicionalmente, o setor público surpreendeu, criando 10 mil vagas, mesmo diante das demissões planejadas pela administração Trump, conforme apontou Isadora Junqueira, economista da AZ Quest.
A taxa de desemprego se manteve estável em 4,2%, enquanto a taxa de participação da força de trabalho atingiu 62,6%, o maior nível desde setembro. André Valério, economista sênior do Inter, destacou que a média móvel de 3 meses aponta para um acréscimo mensal de 150 mil empregos. Felipe Uchida, sócio da Equus Capital, acredita que as empresas estão cautelosas em demitir, mesmo diante da guerra tarifária, devido à persistente escassez de mão de obra.
Contudo, nem tudo são flores. Os dados dos últimos dois meses foram revisados, com uma redução de 58 mil empregos. Valério ressalta que o ajuste estatístico para o nascimento e morte de empresas adicionou quase 400 mil empregos, o que pode levar a correções nas próximas leituras. “A tendência sugere que essa correção seria para baixo”, afirma o economista do Inter. A política de juros do Federal Reserve (Fed) também é um ponto de atenção, com analistas como Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, acreditando que o mercado de trabalho aquecido pode pressionar os preços e manter os juros estáveis.
Fonte: http://www.infomoney.com.br