Em um cenário político turbulento, Portugal anunciou a expulsão de cerca de 18.000 imigrantes em situação irregular, reacendendo o debate sobre as políticas de imigração no país. A medida, que prevê a emissão de notificações com ordem de saída voluntária em 20 dias, ocorre em meio a uma crise governamental e à crescente pressão de partidos populistas. O anúncio levanta questões sobre o futuro da integração de imigrantes e o impacto nas comunidades locais.
A decisão surge em um momento delicado, com eleições antecipadas marcadas para breve, após a queda do governo minoritário liderado por Luís Montenegro. Críticos apontam para uma possível motivação eleitoral na medida, buscando demonstrar firmeza em relação à imigração, tema que ganhou destaque com a ascensão de partidos como o Chega. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, defende a ação como forma de aplicar a legislação e corrigir falhas no sistema de deportação, que considera ineficaz.
A AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo) será responsável pela execução das expulsões, priorizando o retorno voluntário dos imigrantes. A agência já recebeu ordens para iniciar os processos com os primeiros 4.500 casos, muitos dos quais envolvem cidadãos com restrições em outros países do Espaço Schengen. A medida pretende, segundo o governo, garantir mais controle sobre quem permanece em território nacional.
Entretanto, a decisão governamental tem gerado fortes reações. Partidos de esquerda e organizações de direitos humanos criticam a medida, acusando o governo de usar os imigrantes como “bode expiatório” em um momento de instabilidade política. Eles alertam para os impactos negativos nas comunidades imigrantes, com risco de desestruturação familiar, afastamento dos serviços públicos e aumento da informalidade no trabalho.
Analistas políticos preveem que a expulsão em massa pode intensificar a polarização política e fortalecer discursos populistas em Portugal. O país, que historicamente se orgulhou de sua política de acolhimento, enfrenta agora um período de incertezas em relação ao futuro da imigração e seus reflexos na sociedade e na economia, com mais de 22 bilhões de euros em investimentos europeus em jogo.
Fonte: http://agoranoticiasbrasil.com.br