Manifestação em São Paulo Defende Justiça do Trabalho Contra Decisão do STF Sobre Pejotização

Em São Paulo, um ato em defesa da Justiça do Trabalho reuniu diversas entidades no Fórum Trabalhista da Barra Funda, nesta quarta-feira (7). O foco do protesto foi a recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que suspendeu ações relacionadas à pejotização, prática de contratar trabalhadores como pessoas jurídicas.

A manifestação, que também ocorreu em outras cidades do país, contou com o apoio de importantes instituições como a OAB-SP, o IASP, a AASP, a AATSP e a AMATRA-2. As entidades consideram a decisão do STF um ataque à competência da Justiça do Trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

O desembargador Valdir Florindo, presidente do TRT da 2ª Região, destacou a importância da Justiça do Trabalho na defesa dos direitos relacionados às relações de trabalho, conforme assegurado pela Constituição Federal. “É isso que esperamos: cumprir a Constituição Federal”, afirmou Florindo.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do TRT-2 expressou preocupação com a suspensão dos processos, alertando para as implicações sociais da medida. “Isso traz consequências seríssimas, porque paralisa a busca por justiça de milhares de trabalhadores e amplia a insegurança social”, declarou.

Segundo Florindo, a Justiça do Trabalho, com mais de 80 anos de história, desempenha um papel fundamental na pacificação social e na proteção dos direitos trabalhistas. Ele criticou a tentativa de dissimular vínculos empregatícios através da pejotização, negando direitos sociais aos trabalhadores.

A decisão de Gilmar Mendes, que suspendeu a tramitação de todos os processos sobre a legalidade da pejotização, gerou forte reação entre juristas e entidades ligadas ao direito do trabalho. A medida foi tomada após o STF reconhecer a repercussão geral do tema, unificando o entendimento da Justiça sobre o assunto.

A OAB-SP também se manifestou, defendendo a competência constitucional da Justiça do Trabalho para julgar ações envolvendo vínculos empregatícios na contratação de pessoas jurídicas. A Ordem ressaltou a importância de um debate sereno e do respeito às instâncias da Justiça do Trabalho.

Otavio Pinto e Silva, presidente da Comissão Especial da Advocacia Trabalhista da OAB-SP, classificou a decisão do STF como “bastante preocupante”, enfatizando que a Justiça do Trabalho deve resolver todos os casos que envolvem a prestação de serviços por um trabalhador. Ele estima que a decisão já tenha afetado cerca de 500 mil processos em todo o país.

“A população é afetada porque acontece muitas vezes de as empresas decidirem por contratar um trabalhador e, em vez de fazer o registro do contrato pela CLT […], acabam por estabelecer que não, que isso é um contrato entre duas empresas”, explicou Pinto e Silva, ressaltando que o trabalhador deve ser contratado como empregado se estiverem presentes os requisitos da CLT.

A pejotização, prática de contratar trabalhadores como PJs para reduzir custos e evitar encargos trabalhistas, está no centro da discussão. Procurado pela Agência Brasil, o STF informou que não vai comentar sobre o ato.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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