Brasil Pode Atrair R$ 600 Bilhões com Plano Ambicioso de Descarbonização do Transporte

Uma coalizão de mais de 50 entidades entregou ao governo federal um plano detalhado para revolucionar o setor de transportes no Brasil. O objetivo principal é ambicioso: reduzir em até 70% as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A iniciativa, apresentada no evento “Brasil Rumo à COP30” em Brasília, estima um potencial de atração de R$ 600 bilhões em investimentos para o país.

O plano, abrangente e multifacetado, foi construído com a colaboração de representantes dos diferentes modais de transporte: rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo e mobilidade urbana. Ele servirá como base para o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, a ser apresentado na COP30 em Belém (PA). A liderança da iniciativa é da Motiva (antiga CCR), com o apoio da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e do Insper.

De acordo com o estudo, a inação levaria as emissões do setor a 424 milhões de toneladas de CO2. A implementação das medidas propostas reduziria esse volume para 137 milhões de toneladas. A ampliação da frota de veículos elétricos e híbridos emerge como um dos pilares, com potencial para eliminar 145 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Outro componente crucial é o aumento da participação dos modais ferroviário e hidroviário na matriz de transportes. A proposta visa elevar essa participação dos atuais 31% para 55%, evitando a emissão de 65 milhões de toneladas de dióxido de carbono. O setor ferroviário, por exemplo, poderia dobrar sua participação com investimentos estimados em R$ 270 bilhões.

A ampliação do uso de biocombustíveis, como etanol, diesel verde e o combustível sustentável de aviação (SAF), também é fundamental. Juntos, esses combustíveis evitariam a emissão de 45 milhões de toneladas de gases de efeito estufa. A demanda por esses combustíveis poderia saltar dos atuais 30 bilhões de litros para 55 bilhões até 2050, com potencial de atrair R$ 225 bilhões em investimentos.

No setor aéreo, a expectativa é que 22% da matriz energética seja composta por SAF até 2050, com até 11% das aeronaves operando com combustíveis sintéticos. Vander Costa, presidente da CNT, ressalta a importância de critérios técnicos rigorosos na adoção de biocombustíveis. “A transição energética no transporte exige uma abordagem multifacetada, que respeite as realidades locais e assegure a viabilidade técnica de cada solução”, afirma Costa.

A mobilidade urbana, responsável por 45% das emissões nas cidades, também recebe atenção especial no estudo. O plano propõe soluções para evitar deslocamentos desnecessários, promover modais coletivos e eletrificar frotas. Estima-se que as ações exigirão R$ 53 bilhões, parte deles já previstos no Novo PAC.

A Coalizão dos Transportes, lançada no ano passado, reúne mais de 50 organizações públicas, privadas, acadêmicas e da sociedade civil. O objetivo central é acelerar a transição para um sistema de transporte mais limpo, eficiente e integrado, contribuindo com soluções técnicas e estratégicas para o novo Plano Nacional sobre Mudança do Clima.

Fonte: http://www.infomoney.com.br

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