A recente trégua comercial entre China e Estados Unidos, que prevê a redução de tarifas, já está provocando um aumento nas tarifas de frete. Empresas de ambos os países correm para aproveitar os 90 dias de janela favorável, impulsionando a demanda por transporte de mercadorias através do Pacífico.
O aumento repentino nas tarifas, reflexo da intensificação da guerra comercial, havia causado uma queda drástica nos embarques. As exportações chinesas para os EUA caíram 21% no último mês, enquanto as importações recuaram quase 14%. A A.P. Moller-Maersk A/S, gigante do setor de contêineres, estimou uma queda de 30% a 40% no volume entre os dois países em abril.
No entanto, a trégua inesperada, resultado de negociações recentes, promete reverter esse cenário. Analistas preveem que a demanda e os preços devem se recuperar, movimento que será intensificado pela proximidade da alta temporada do setor. A retomada pode ocorrer antes que navios possam ser realocados de outras rotas, pressionando ainda mais os preços.
De acordo com um relatório do Jefferies, as tarifas de frete na rota transpacífica já saltaram de US$ 2.000 por unidade equivalente a 40 pés (FEU) em meados de abril para cerca de US$ 2.500 nesta semana. Esse aumento sinaliza um alívio para o setor, que vinha enfrentando uma forte queda nas tarifas, chegando perto do ponto de equilíbrio em algumas rotas.
“O setor de contêineres está posicionado para uma melhora significativa nas tarifas à vista com base em dois fatores fundamentais: retomada dos volumes normais e início da alta temporada”, afirmaram os analistas do Jefferies. A Maersk também se pronunciou sobre o acordo. “Esperamos que isso abra caminho para um acordo permanente que proporcione a previsibilidade de longo prazo que nossos clientes precisam”, disse um porta-voz da empresa.
Vale lembrar que as exportações chinesas para os EUA tendem a ganhar força durante o verão no hemisfério norte, atingindo o pico em setembro. A expectativa é que a redução substancial das tarifas gere uma onda de exportações represadas, segundo Lu Ting, economista-chefe para China do Nomura Inc.
Por fim, um acordo duradouro entre China e EUA também pode alterar os fluxos comerciais de outros países, impactando as exportações chinesas para Vietnã e Tailândia, bem como as exportações desses países para os EUA. Acompanharemos de perto os desdobramentos desse cenário em constante mudança.
Fonte: http://www.infomoney.com.br