Os Correios fecharam 2024 com um prejuízo alarmante de R$ 2,6 bilhões, um aumento expressivo em relação ao déficit de R$ 597 milhões do ano anterior. A estatal atribui grande parte desse resultado negativo à chamada “taxa das blusinhas”, a taxação de encomendas internacionais de pequeno valor, que impactou drasticamente o volume de entregas. A medida, implementada pelo governo federal, visava proteger o comércio nacional, mas acabou afetando a principal fonte de receita dos Correios.
De acordo com nota oficial da empresa, a taxação teve um efeito ambíguo: “positivo para o varejo nacional, mas negativo para os Correios”. A redução no fluxo de encomendas de empresas como Shein, Shopee e AliExpress, que dependiam fortemente da logística da estatal, foi um dos principais fatores que contribuíram para o prejuízo bilionário. Além disso, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, apontou para um “legado de sucateamento” da empresa, resultado de anos sem investimentos adequados.
Diante desse cenário desafiador, os Correios anunciaram um pacote de medidas de contenção de gastos, incluindo a suspensão de férias e do regime de trabalho remoto para parte dos funcionários. A revisão de contratos, o congelamento de novas contratações e a redução de despesas operacionais também fazem parte do plano para reequilibrar as contas. A expectativa é que essas ações gerem uma economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025.
Paralelamente, a estatal busca alternativas para aumentar suas receitas, como uma parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. A empresa também enfrenta desafios como o aumento das despesas judiciais e a crescente concorrência de empresas privadas de logística. Apesar da crise, o governo federal descartou a privatização dos Correios, reafirmando a importância estratégica da empresa para a integração nacional e a prestação de serviços públicos.
A divulgação do prejuízo bilionário gerou críticas de servidores e especialistas do setor, que alertam para a necessidade de reestruturação do modelo de negócio da empresa. Consumidores também manifestaram insatisfação com os serviços, especialmente em relação a atrasos e extravios de encomendas. A gestão dos Correios enfrenta agora o desafio de reverter o quadro financeiro, mantendo sua função pública e sua relevância no mercado.
Fonte: http://agoranoticiasbrasil.com.br