EUA e China dão ‘primeiro passo’ para trégua comercial, com ausência de ‘lunáticos’ à mesa, avalia especialista da FGV

Após tensões elevadas, Estados Unidos e China sinalizam uma possível distensão na guerra comercial, com a recente rodada de negociações resultando em reduções de tarifas de importação. Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre e sócio da BRCG Consultoria, classifica o acordo como uma “primeira valsa” em um longo processo de negociação.

“Não tem nenhum lunático sentado à mesa e isso parece ser um grande avanço em relação ao debate que a gente tinha no último mês”, afirmou Ribeiro em entrevista ao InfoMoney, destacando uma mudança na representação americana nas negociações. Segundo ele, figuras consideradas mais radicais da gestão Trump, como Howard Lutnick, Peter Navarro e Stephen Mira, cederam espaço ao secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

O acordo prevê uma redução nas tarifas de importação impostas por ambos os países por um período de 90 dias. Produtos chineses agora estão sujeitos a uma alíquota de 30% ao entrar nos Estados Unidos, enquanto produtos americanos pagam 10% para entrar na China. Ribeiro pondera que ainda há um longo caminho a percorrer.

“Houve um avanço relativamente rápido em termos de tempo decorrido de sentar à mesa formalmente para que se tenha um comunicado”, observa Ribeiro. “É um sinal de que, na verdade, essas tratativas possivelmente já tinham começado, ou de que a dor é tão grande que ninguém acha isso razoável, então é muito mais fácil convergir.”

O pesquisador da FGV ressalta que, apesar do avanço, o acordo ainda não é sólido e prevê diversas rodadas de negociação entre os países, que podem culminar em um acordo similar à “Fase 1”, estabelecido em 2020, pouco antes da pandemia. “Lembrando, o Acordo Fase 1, independente da questão da pandemia, tinha metas absurdamente arrojadas, principalmente em energia e serviços, que não seriam cumpridas em praticamente nenhum cenário”, conclui Ribeiro.

Fonte: http://www.infomoney.com.br

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