Ivan Lúcio Amarante, juiz afastado do cargo na 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT) sob suspeita de vender sentenças, declarou à Polícia Federal (PF) que recebeu R$ 750 mil de sua esposa, Mara Patrícia Nunes Amarante. A justificativa apresentada foi o pagamento de um “trabalho de desenvolvimento espiritual e religioso” realizado por um pai de santo.
A defesa inusitada do magistrado detalha que o valor foi repassado em 43 depósitos bancários, realizados entre setembro de 2023 e julho de 2024. Amarante alega que os pagamentos visavam auxiliar em questões espirituais e pessoais. Contudo, investigadores da PF suspeitam que os recursos estejam relacionados a um esquema de lavagem de dinheiro.
Amarante é alvo da oitava fase da Operação Sisamnes, deflagrada em maio, que investiga corrupção judiciária e lavagem de dinheiro dentro do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Segundo a PF, o juiz faria parte de um esquema milionário no qual empresários e advogados pagavam propina em troca de decisões judiciais favoráveis.
“Para ocultar a origem ilícita dos recursos, os envolvidos utilizavam contratos falsos, empresas de fachada e transações relacionadas a serviços religiosos”, informaram os investigadores. A alegação do juiz sobre o “trabalho espiritual” levanta suspeitas sobre a real finalidade dos recursos.
Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Amarante em Mato Grosso. O STF determinou o afastamento do juiz de suas funções, o bloqueio de R$ 30 milhões em bens e a proibição de deixar o país, com a apreensão de seu passaporte. Além da investigação criminal, Ivan Lúcio Amarante responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ).
Fonte: http://revistaoeste.com