A recente condenação do humorista Léo Lins pelo Poder Judiciário, após denúncia do Ministério Público Federal, reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão e o papel do humor na sociedade. A decisão, que impôs uma pena de mais de oito anos de prisão ao comediante por piadas consideradas discriminatórias, levanta sérias questões sobre a instrumentalização do aparato estatal para silenciar vozes dissidentes e domesticar a linguagem.
Não se trata de defender o gosto ou a qualidade das piadas em si, mas sim de alertar para a crescente tentativa de controle estatal sobre a linguagem e, por extensão, sobre o próprio pensamento. Como aponta o autor, “o riso sempre incomodou o poder”, e a supressão do humor crítico representa um grave ataque à liberdade individual e à capacidade de questionar o status quo.
O que antes era considerado liberdade artística no mundo ocidental, agora é rotulado como violência simbólica ou discurso de ódio. Essa mudança de paradigma tem como consequência o silenciamento de uma das ferramentas mais eficazes de crítica social: o humor. Ao cercear a sátira, elimina-se também o espaço para a dissidência, elemento fundamental para a manutenção de uma sociedade livre e plural.
O autor utiliza a metáfora do canário na mina de carvão para ilustrar o perigo iminente. Assim como o silêncio do pássaro alertava os mineiros sobre a presença de gases tóxicos, o silenciamento dos humoristas indica que o ambiente da liberdade está se tornando irrespirável. “O riso morre antes da razão”, adverte o autor, sinalizando que a supressão do humor precede o sufocamento do pensamento crítico.
A análise traça um paralelo com regimes totalitários, como o stalinismo, onde piadas sobre o governo eram consideradas crimes políticos. Embora o inimigo da liberdade de expressão hoje se apresente sob o manto do “bem”, com discursos de “inclusão” e “respeito”, o objetivo final permanece o mesmo: controlar a linguagem, a moral e o pensamento. A ascensão do movimento *woke*, com sua vigilância ideológica e gramática politicamente correta, representa um perigo real para a liberdade de expressão e a diversidade de opiniões.
Citando Václav Havel, o autor ressalta que o humor pode ser uma forma de resistência mais eficaz do que panfletos, pois exige apenas consciência. Em um contexto onde a verdade é sufocada, o riso se torna a linguagem da liberdade. Defender a liberdade de expressão, portanto, é defender o direito de rir, de incomodar e até mesmo de ofender. Uma sociedade verdadeiramente livre é aquela que tolera até mesmo as piadas que detestamos, pois a censura, mesmo sob o pretexto da virtude, invariavelmente leva à supressão da verdade.
Fonte: http://revistaoeste.com