Um ex-secretário nacional de Gestão de Pessoas e atual CEO do Instituto Millenium, Wagner Lenhart, levantou sérias preocupações sobre a condução do Bolsa Família. Em crítica contundente, Lenhart argumenta que o programa, outrora alinhado a princípios liberais, estaria se desviando de seu objetivo principal: reduzir a dependência do Estado e promover a autonomia dos beneficiários.
Lenhart destacou em vídeo publicado nas redes sociais que o Bolsa Família, em sua concepção inicial, encontrava ressonância em ideias defendidas por economistas liberais, como Milton Friedman. A proposta original visava garantir uma renda mínima para os mais vulneráveis, oferecendo uma base para que pudessem ascender socialmente. “O diabo está nos detalhes e na execução”, pondera Lenhart, sugerindo que a prática do programa se distanciou da teoria.
A crítica central do ex-secretário reside na celebração, por parte do governo, do aumento no número de beneficiários. Para Lenhart, o sucesso de um programa social deveria ser medido pela sua capacidade de emancipar cidadãos, e não de perpetuar sua dependência. “Só que a gente sabe que o sucesso, muitas vezes, de um programa social não é o quanto você aumenta as pessoas, mas quantas pessoas saem e quantas pessoas não são dependentes do Estado”, afirmou.
O Bolsa Família, criado em 2003 durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, surgiu como parte do programa Fome Zero. Implementado através de uma Medida Provisória convertida em lei, o programa estabeleceu um modelo federalista, com a União coordenando as normas e o financiamento, e os estados e municípios atuando na execução. O debate reacende discussões cruciais sobre o futuro do programa e a necessidade de reformas administrativas que o alinhem aos seus objetivos originais.
Fonte: http://vistapatria.com.br