A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou um pedido de investigação sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito de uma possível interferência indevida na Operação Sem Desconto, que apura fraudes bilionárias no INSS. A decisão surge após declarações do presidente que levantaram suspeitas sobre sua intenção em relação ao andamento das investigações. O requerimento foi aprovado em sessão realizada no dia 17 de junho.
As suspeitas recaem sobre uma declaração feita por Lula no dia 3 de junho, na qual ele afirmou ter orientado a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) a agirem com “muita cautela” nas apurações, evitando “crucificações” de entidades investigadas. Para o presidente da Comissão de Segurança Pública, Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), essa postura pode configurar uma tentativa velada de influenciar os órgãos de controle.
“Embora o discurso aparente prudência, na prática configura forma velada de constranger órgãos de controle a desacelerar, condicionar ou relativizar apurações em curso”, argumenta Bilynskyj. A indicação aponta para uma possível quebra da isenção e autonomia técnica que devem reger o trabalho da PF e da CGU.
A situação ganha contornos ainda mais delicados, segundo o documento, devido ao envolvimento de uma entidade sindical ligada ao irmão de Lula, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, nas fraudes. Frei Chico ocupa cargo de direção no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), apontado como um dos principais investigados na Operação Sem Desconto.
A indicação aprovada segue agora para a Procuradoria-Geral da República (PGR), após análise do presidente da Câmara dos Deputados. O documento sustenta que a conduta do presidente Lula “pode caracterizar, em tese, desvio de finalidade”, configurando inclusive crime de responsabilidade passível de impeachment, conforme a Lei 1.079/1950.
Fonte: http://revistaoeste.com
