Após Críticas à ‘Interferência’ de Trump, Histórico de Lula Revela Atuação em Assuntos Internacionais de Outros Países

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou recentemente as declarações de Donald Trump em defesa de Jair Bolsonaro, rejeitando qualquer “interferência” em assuntos internos do Brasil. Trump havia afirmado estar acompanhando de perto o que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro, gerando a reação de Lula.

Contudo, o discurso de Lula contrasta com seu próprio histórico de atuação em questões políticas de outros países e de apelos a instâncias internacionais. Desde manifestações de apoio a líderes estrangeiros até o envolvimento em casos diplomáticos complexos, o presidente já se viu envolvido em situações que refletem uma abordagem ativa na política externa.

Em dezembro de 2022, por exemplo, Lula visitou Cristina Kirchner na Argentina, poucos dias após a ex-presidente ser condenada por corrupção. Na ocasião, Lula classificou Kirchner como vítima de “perseguição” e expressou solidariedade em nome da “democracia latino-americana”. Mais recentemente, voltou a se reunir com Kirchner, defendendo publicamente sua libertação e alegando que ela é alvo de uma ofensiva judicial com motivações políticas.

Outro caso notório envolve a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, também condenada por corrupção. O governo brasileiro, em uma ação coordenada pelo Palácio do Planalto, enviou um avião da FAB para resgatá-la em Lima antes do cumprimento da ordem de prisão. A operação resultou na concessão de asilo político a Heredia no Brasil, um caso que permanece sob sigilo por determinação do ministro Ricardo Lewandowski.

No âmbito digital, o governo Lula defendeu, em conjunto com o presidente chinês Xi Jinping, a criação de uma governança internacional para o controle de redes sociais. A proposta, apresentada em abril de 2023, visaria combater a “desinformação”, mas foi interpretada por opositores como uma tentativa de impor censura global com o aval de regimes autoritários.

Em 2018, após ser preso em decorrência da Lava Jato, Lula recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, que emitiu uma recomendação ao Brasil sobre a preservação de seus direitos políticos. Embora sem efeito jurídico obrigatório, a ação demonstra o recurso a instâncias internacionais em momentos de crise.

Ademais, Lula tem demonstrado apoio ao regime chavista na Venezuela, promovendo encontros com Nicolás Maduro e defendendo o governo venezuelano, mesmo diante de denúncias de violações de direitos humanos. Em Cuba, defendeu o fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, sem mencionar a repressão interna a opositores. O histórico de Lula revela, portanto, uma postura ativa na política externa, que nem sempre se alinha com a tradição diplomática brasileira de não intervenção.

Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br

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