Quando a Censura Bate à Porta dos Neutros: A Lição de Martin Niemöller Ressurge no Brasil

A história do pastor luterano Martin Niemöller, figura complexa que transitou do nacionalismo à oposição ao nazismo, ecoa em tempos sombrios no Brasil. Inicialmente um crítico da República de Weimar, Niemöller simpatizou com a ascensão de Hitler, acreditando que o novo regime restauraria a ordem e os valores cristãos. Essa trajetória sinuosa revela como a complacência inicial com regimes autoritários pode levar a consequências devastadoras.

A virada na vida de Niemöller ocorreu quando Hitler tentou controlar as igrejas protestantes, exigindo submissão ao Führer e a exclusão de elementos “não arianos”. Em resposta, o pastor fundou a Igreja Confessante, defendendo a autonomia da fé cristã frente ao Estado. Sua oposição pública à repressão nazista resultou em sua prisão e envio aos campos de concentração de Sachsenhausen e Dachau, onde permaneceu até a libertação pelas tropas aliadas.

Niemöller é lembrado por sua poderosa confissão sobre a covardia popular ante o regime nazista: “Primeiro eles vieram buscar os judeus, e eu não disse nada… Então vieram me buscar, e não havia mais ninguém para protestar.” Essa metáfora histórica ressoa hoje, quando muitos parecem despertar apenas quando a censura atinge seus próprios interesses.

Recentemente, setores da imprensa brasileira, antes silenciosos diante da perseguição a conservadores, manifestaram preocupação com a censura imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa súbita tomada de consciência, embora tardia, levanta a questão da seletividade na defesa da liberdade de expressão. Afinal, como disse Niemöller, a verdadeira virtude está em denunciar o autoritarismo, mesmo quando o alvo é nosso opositor.

Em um cenário onde vozes conservadoras foram silenciadas e mídias alternativas perseguidas, a recente preocupação de alguns setores da imprensa soa como um despertar tardio. A história de Niemöller nos adverte sobre os perigos da indiferença e da complacência com a injustiça. Resta saber se essa nova onda de preocupação se traduzirá em uma defesa genuína da liberdade para todos, ou se será apenas um reflexo da autoconservação.

Fonte: http://revistaoeste.com

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