A Prefeitura de Cascavel inaugurou, nesta segunda-feira (28), o jardim sensorial da Cetea (Clínica-Escola do Transtorno do Espectro Autista). O espaço foi planejado para auxiliar alunos e pacientes com algum tipo de limitação ligada aos cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato, além de favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo. A proposta é oferecer uma experiência sensorial enriquecedora, com fins terapêuticos, inclusivos e educativos, por meio do contato com plantas, materiais de diferentes texturas e outros elementos naturais.
O projeto foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por pedagogos, terapeutas ocupacionais e arquiteto, com apoio do Instituto São João de Cascavel, Depen, Loja Maçônica Esperança e Harmonia, Conselho da Comunidade e Univel.
A coordenadora da clínica, Sandra Regina Tonieto, reforçou o impacto positivo nas terapias. “A Cetea é uma clínica multidisciplinar com profissionais de fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, nutrição, psiquiatria, neurologia, entre outros. O jardim sensorial será um instrumento importante para a evolução dos nossos pacientes, pois o autismo é trabalhado por meio dos sentidos. Aqui, vamos ter espaço para audição, tato, visão… e cada terapeuta poderá utilizar o jardim em sua abordagem, garantindo mais qualidade ao tratamento”, destacou.
A diretora da escola, Mariclei Feu, destacou que o espaço será utilizado tanto pela área da educação quanto pela saúde, com horários organizados para cada setor. “Os professores vão usar os espaços de acordo com os conteúdos. As crianças que precisam se regular, àquelas com mais dificuldade com algum tipo de estímulo, serão atendidas de forma mais individualizada. Já os atendimentos da saúde vão depender de encaminhamentos específicos da Secretaria da Saúde, sempre com acompanhamento dos terapeutas”.
A construção do jardim teve envolvimento direto da Polícia Penal do Paraná, que destinou mão de obra carcerária para a execução da estrutura. A ação gerou benefícios para os detentos e contribuiu para a ressocialização. “A participação da Polícia Penal no projeto do jardim sensorial se dá desde a sua concepção, ainda como um rascunho. Durante os últimos meses, de dois a cinco apenados estiveram aqui diariamente desenvolvendo essa estrutura maravilhosa. Trata-se de um projeto ímpar. Nunca havíamos participado de algo dessa magnitude, voltado a crianças com transtorno do espectro autista. Isso é muito significativo, porque nos permite transcender as grades e devolver à sociedade algo positivo. Para o apenado também é de extrema relevância, já que, a cada três dias trabalhados, ele tem direito à redução de um dia da pena. Aos poucos, essa pessoa vai sendo reintegrada à sociedade de forma diferente daquela com que chegou ao sistema prisional”, explica o diretor da 8ª Região da Polícia Penal, Thiago Correia.
A participação da Loja Maçônica Esperança e Harmonia também foi essencial para o projeto sair do papel. Elisson Gualtiere Ferreira, que à época presidia a loja, relembra como tudo começou. “A Loja Maçônica sempre teve o propósito de se envolver com a sociedade, não apenas cobrando os órgãos públicos, mas atuando diretamente na construção de soluções. O projeto nasceu dentro da loja, a partir de uma entidade que nos procurou. Mesmo sem a continuidade daquela parceria inicial, seguimos com o ideal. Quando chegamos aqui pela primeira vez, era apenas um gramado. Sou arquiteto e consegui visualizar que aquele espaço poderia, sim, se tornar um jardim sensorial”, conclui.
Fonte:Portal 24 Cascavel