O sentimento inicial, um misto de curiosidade mórbida, logo se dissipou, dando lugar a uma profunda vergonha. A constatação de que o Brasil, outrora admirado, agora figura em listas internacionais de países que atentam contra os direitos humanos é um golpe duro na autoestima nacional.
Essa mancha se aprofunda com a inclusão de um ministro do Supremo Tribunal Federal na Lei Magnitsky, ao lado de figuras nefastas como oligarcas russos e censores chineses. A medida, que visa punir violadores de direitos humanos e corruptos, expõe o país a um escrutínio global.
A vergonha, no entanto, não se resume a esse episódio isolado. Uma análise da política brasileira revela um cenário alarmante de desmandos e irregularidades em todas as esferas do poder, corroendo a credibilidade das instituições e minando a confiança da população.
Casos como o de um presidente eleito após ser condenado e preso, além da nomeação de ministros investigados por crimes graves, são exemplos gritantes de uma crise ética que assola o país. “A vergonha, aqui, é coletiva: da Justiça, da política, da memória curta.”, como afirma o autor.
A promiscuidade entre o Judiciário e o mundo dos negócios, com ministros relatando processos envolvendo familiares, expõe um sistema de interesses que beira o escárnio. No Congresso, a situação não é diferente, com um número expressivo de parlamentares respondendo a acusações criminais e de improbidade administrativa.
No âmbito estadual e municipal, a realidade se repete, com centenas de deputados estaduais e milhares de vereadores envolvidos em escândalos de corrupção. Essa triste constatação revela que a corrupção no Brasil não é uma exceção, mas sim uma regra.
O Brasil ocupa uma posição vexatória no ranking de percepção da corrupção da Transparência Internacional, superando apenas nações em guerra civil e regimes ditatoriais. A recente decisão de retirar o país da aliança em memória ao Holocausto agrava ainda mais a situação, associando o Brasil ao negacionismo e à barbárie.
A vergonha, como emoção moral, surge da constatação de que falhamos não apenas perante os outros, mas também perante nossos próprios valores. É hora de transformar essa vergonha em indignação e buscar uma profunda reforma institucional, para que o Brasil possa, enfim, redimir-se de seus erros.
Fonte: http://revistaoeste.com