Tarifas dos EUA: Especialistas Preveem Impacto no Brasil em Curto Prazo Apesar da Resiliência Inicial

As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros já estão em vigor desde o último dia 6. Apesar de o impacto imediato não ser tão visível, com o dólar em queda e as exportações de julho apresentando um crescimento de 48% em relação ao ano anterior, especialistas alertam para um horizonte menos otimista.

A reação inicial do mercado, após o anúncio do aumento das tarifas por Donald Trump em 10 de julho, foi de pessimismo. O Ibovespa futuro e o dólar futuro registraram quedas e saltos significativos, respectivamente, demonstrando uma preocupação latente com as novas medidas.

A aparente resistência da economia brasileira tem sido atribuída a fatores como as expectativas de corte de juros nos EUA e a consequente valorização do real. No entanto, essa conjuntura favorável pode ser efêmera, segundo Paulo Serra, especialista em Financiamento de Infraestrutura e ex-prefeito de Santo André.

“Muita gente está dizendo que o mercado brasileiro está resistindo bem à alta das tarifas dos EUA”, afirma Serra. “É verdade, mas essa resistência tem prazo de validade. Hoje, ainda temos estoques, contratos e um câmbio que ajudam a amortecer o impacto. Mas se nada for feito, em três a seis meses, os efeitos começam a aparecer”.

Marco Saravalle, economista com mestrado pela Fundação Getulio Vargas, complementa que o bom desempenho de algumas empresas também contribui para o cenário atual. Contudo, ele ressalta que as decisões do Federal Reserve (Fed) serão cruciais para a reação do mercado brasileiro nos próximos meses.

Lucas Borges, financista com especializações pela Harvard Business School e London School of Business and Finance, destaca a importância dos juros elevados no Brasil. Segundo ele, isso mantém o fluxo de capital externo no curto prazo, mas essa situação não garante a estabilidade a longo prazo frente às tarifas.

Borges, assim como Serra, enfatiza que a atual estabilidade do dólar não deve ser vista como um indicador confiável. “Esta resistência tende a ser temporária”, alerta o financista. Ele acredita que em poucos meses, os efeitos mais concretos começarão a aparecer, especialmente nos setores mais atingidos.

A China não surge como uma alternativa viável para compensar as perdas no mercado americano. “Países como a China não têm o mesmo perfil de consumo, nem uma população com o mesmo poder de compra, o que dificulta uma substituição comercial equivalente”, explica Borges.

Diante desse cenário, os especialistas defendem que o governo federal deve agir de forma proativa para mitigar os impactos das tarifas. A busca por novas aberturas comerciais e a implementação de medidas compensatórias internas são consideradas essenciais para evitar prejuízos maiores no futuro.

Fonte: http://revistaoeste.com

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