Ex-assessor do TSE denuncia: Parceiros de Moraes influenciavam monitoramento de críticas a Lula e instituições

Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revelou em depoimento no Senado que aliados do ministro Alexandre de Moraes, então presidente da Corte Eleitoral, solicitavam a produção de relatórios de monitoramento. A denúncia foi feita durante a Comissão de Segurança Pública, nesta terça-feira (2).

Tagliaferro detalhou que os pedidos partiam de figuras ligadas à UFRJ, UFMG e da agência de checagem Lupa. Segundo ele, o escopo do monitoramento era amplo, abrangendo desde críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e instituições brasileiras, até comentários sobre as urnas eletrônicas, o processo eleitoral e o então candidato Lula.

“Moraes tinha parceiros que faziam pedidos para a assessoria monitorar”, afirmou Tagliaferro, evidenciando a extensão da influência externa no trabalho da assessoria. O ex-assessor explicou que, embora os relatórios fossem entregues seguindo o rito legal, os pedidos para sua produção ocorriam por vias informais, como grupos de WhatsApp e conversas paralelas.

“Os pedidos vinham por grupos de WhatsApp ou por conversas paralelas”, relatou Tagliaferro. “Nós devolvíamos via rito oficial ao gabinete de Moraes, seja no TSE ou mesmo no STF. O que era falado para nós é que o rito normal demoraria muito, e que a democracia precisa de celeridade.” A justificativa para a urgência contrastava com a informalidade dos pedidos.

Atualmente residindo na Itália, Tagliaferro expressou temor de retornar ao Brasil, temendo represálias por parte de Moraes. Ele é alvo de um pedido de extradição, solicitado por Moraes ao Ministério da Justiça, e enfrenta denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo vazamento de conversas internas de servidores do STF e do TSE.

Em entrevista recente à Revista Oeste, Tagliaferro declarou que não pretende voltar ao país, pois teme por sua segurança. “Óbvio que eu não gostaria, porque sei quem é Moraes”, afirmou. “E sei que eu estando aí é para calar, inclusive pode até fazer um simulado e tirar a minha vida, porque ele não quer que eu fale.”

No depoimento ao Senado, Tagliaferro reiterou seu medo, afirmando estar disposto a colaborar com a verdade, desde que sua integridade física seja garantida. A defesa de Tagliaferro busca assegurar que sua colaboração não resulte em consequências graves para sua vida e liberdade.

Fonte: http://revistaoeste.com

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