China Utiliza Hospitais Psiquiátricos para Silenciar Dissidentes, Revela Investigação

Uma investigação da BBC News expõe o uso de internações psiquiátricas forçadas na China como ferramenta para reprimir críticos e opositores do regime. A reportagem detalha casos de indivíduos saudáveis mentalmente sendo rotulados com diagnósticos falsos e submetidos a tratamentos abusivos para silenciar suas vozes.

O caso de Zhang Junjie, hospitalizado aos 17 anos após protestar contra medidas de lockdown, ilustra essa prática. Internado compulsoriamente sob um diagnóstico de esquizofrenia, sem avaliação independente, ele foi amarrado e forçado a tomar antipsicóticos. “Tomar o medicamento me fazia sentir como se meu cérebro estivesse uma bagunça”, relatou sobre a experiência.

Apesar de uma lei de saúde mental que proíbe internações sem consentimento, a BBC identificou 59 casos similares. Advogados como Huang Xuetao, envolvido na criação da lei, confirmam o aumento do uso indevido para fins de repressão política. Pacientes relatam medicações forçadas e, em alguns casos, eletroconvulsoterapia (ECT) sem autorização.

O ativista Jie Lijian, internado após protestar por melhores salários, relata ter sido submetido a ECT sem consentimento, além de medicação forçada. Médicos confirmaram à BBC, sob anonimato, que recebem pacientes encaminhados pela polícia, inclusive categorizados internamente como “encrenqueiros”. Documentos médicos mostram opiniões políticas sendo associadas a distúrbios psiquiátricos, evidenciando a politização do sistema de saúde.

Thomas G. Schulze, da Associação Mundial de Psiquiatria, classificou as práticas como “abuso político”. Vítimas enfrentam um sistema jurídico que desfavorece seus pleitos, com apenas dois processos de internação forçada resultando em decisões favoráveis entre 2013 e 2024. A legislação permite o compartilhamento de diagnósticos psiquiátricos com a polícia, ampliando o controle social.

A situação da vlogger Li Yixue, internada após denunciar agressão policial, reacendeu o debate internacional. Questionada pela BBC, a embaixada chinesa afirmou que o Partido Comunista “reafirmou” a necessidade de “melhorar os mecanismos” em torno da Lei de Saúde Mental e que “proíbe explicitamente a detenção ilegal e outros métodos para privar ou restringir ilegalmente a liberdade pessoal dos cidadãos”, mas não comentou os casos específicos.

Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br

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