Em meio a eventos costeiros impactantes como as ressacas, surge um debate sobre suas causas e implicações. Especialistas alertam para a necessidade de uma análise contextualizada, que considere a complexidade de fatores meteorológicos e geográficos, além das fases da lua, antes de atribuir o fenômeno às mudanças climáticas e ao aumento do nível médio do mar (NMM).
No inverno recente, o litoral brasileiro testemunhou duas ressacas notáveis. A primeira, no final de julho, causou estragos significativos em Santos (SP). Já a segunda, no final de agosto, teve um impacto mais ameno. Mas, afinal, o que desencadeia esses eventos e como eles se relacionam com o clima?
A formação de ressacas está intrinsecamente ligada a centros de baixa pressão atmosférica, muitas vezes associados a ciclones extratropicais (CETs) próximos à costa. A intensidade dos ventos gerados por esses sistemas é proporcional à queda de pressão em seu núcleo, influenciando diretamente a severidade da ressaca.
A Revista Oeste destaca a importância de considerar a distância do núcleo do CET e a fase da Lua. A Lua Cheia ou Nova amplificam as marés, enquanto as fases Crescente e Minguante resultam em amplitudes menores. Essa combinação de fatores astronômicos e meteorológicos modula a intensidade do fenômeno.
As ressacas de julho e agosto ilustram essa dinâmica. A primeira, impulsionada por um forte CET e pela proximidade da Lua Nova, causou inundações e estragos na orla de Santos. A segunda, menos intensa, foi influenciada por um sistema de baixa pressão menos robusto e pela fase da Lua, resultando em impactos menores.
De acordo com a análise, a elevação temporária do nível do mar durante as ressacas não deve ser confundida com um aumento permanente do NMM. A presença de anticiclones, que promovem calmaria e marés baixas, demonstra a variabilidade natural do ambiente costeiro, que não condiz com a narrativa de um aumento constante do nível do mar.
Um especialista, que acompanha esses eventos desde 2004, ressalta que ressacas ainda mais intensas já foram registradas no passado, como a de 2005. “Cada ocorrência tem as suas particularidades e é assim que devem ser observadas e estudadas. Sem alardes desnecessários”, afirma.
Com a chegada da primavera, a tendência é que os ciclones extratropicais se desloquem para latitudes mais altas. No entanto, a possibilidade de novas ressacas em latitudes menores persiste. É essencial que os serviços meteorológicos e oceanográficos sejam consultados para monitorar as condições do mar e das praias.
Fonte: http://revistaoeste.com