Críticas à retórica de governadores sobre segurança pública

Especialistas analisam o impacto do vocabulário na luta contra o crime

Críticas à retórica de governadores sobre segurança pública
Foto: Agência Brasil

Especialistas criticam a terminologia usada por governadores no combate ao crime, destacando suas implicações políticas e sociais.

Em 7 de novembro de 2025, especialistas em segurança pública expressaram preocupações sobre a terminologia utilizada por governadores no combate ao crime. O sociólogo Ignacio Cano, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), criticou o termo ‘Consórcio da Paz’, sugerindo que deveria ser chamado de ‘Consórcio da Morte’ devido à violência associada aos governos. Cano destaca que o uso de terminologias imprecisas pode levar a uma percepção negativa sobre as ações dos governantes, especialmente em relação à letalidade policial.

O impacto do vocabulário no combate ao crime

Sete governadores fazem parte do consórcio, incluindo Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais). A escolha de palavras como ‘narcoterrorismo’ e ‘guerra’ tem gerado críticas entre sociólogos e cientistas políticos. Jacqueline Muniz, professora da UFF, argumenta que essa terminologia não só oculta falhas administrativas, mas também pode fragilizar a democracia no Brasil, transferindo o debate de segurança pública para um campo geopolítico.

Pressão internacional e seus efeitos

A pressão internacional, especialmente de políticos de direita na América Latina e dos Estados Unidos, tem influenciado o discurso no Brasil. Os especialistas alertam que a adoção do termo ‘narcoterrorismo’ pode abrir portas para intervenções externas e comprometer a soberania nacional. A discussão sobre um novo projeto de lei que amplia o conceito de terrorismo no Brasil também foi mencionada como um reflexo dessa pressão.

Consequências da terminologia militarizada

A retórica de ‘guerra às drogas’ é outra preocupação levantada por especialistas, que afirmam que essa abordagem valida ações que podem resultar em violência indiscriminada. A segurança pública deve priorizar a proteção da vida e não a repressão. Cano conclui que a linguagem utilizada pelos governantes não deve se traduzir em autoritarismo, onde a insegurança se torna uma política pública favorecida pelo medo. A mudança na linguagem é crucial para um debate mais eficaz sobre segurança pública no Brasil.

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