Peixes-ventosa e baleias jubarte: uma relação curiosa

Observações de biólogos revelam interações inusitadas no oceano

Peixes-ventosa e baleias jubarte: uma relação curiosa
Remora australis usa suas ventosas para grudar em animais maiores (Imagem: Universidade Griffith/Reprodução)

Biólogos marinhos flagram rêmoras pegando carona em baleias jubarte na Austrália. A relação é mutuamente benéfica, mas as baleias parecem não gostar muito.

Em 7 de novembro de 2025, biólogos marinhos da Universidade Griffith, na Austrália, flagraram algo impressionante: peixes-ventosa, conhecidos como rêmoras, pegando carona nas costas de uma baleia jubarte ao longo da costa leste australiana. A equipe revelou que a relação entre os animais é mutuamente benéfica, mas a baleia parece não ter gostado muito da companhia.

O comportamento das rêmoras

Os peixes-ventosa são, na verdade, rêmoras. Elas ganharam esse nome porque usam suas ventosas para grudar em animais. A espécie flagrada pelos pesquisadores é a Remora australis, também conhecida como “rêmora-de-baleia”, que prefere baleias como hospedeiras, mas também pode ser vista em tubarões, raias, golfinhos e tartarugas. A equipe utilizou câmeras de sucção para monitorar o comportamento e os padrões de migração das baleias jubarte, e se depararam com as rêmoras pegando carona.

Interação benéfica, mas desconfortável

O Dr. Olaf Meynecke, cientista marinho da Universidade Griffith e co-líder do Programa de Pesquisa sobre Baleias e Clima, explicou que era esperado que as rêmoras aparecessem no vídeo, pois elas passam a vida presas nas baleias em busca de carona e alimento. Os peixes-ventosa aproveitam a locomoção da baleia para se deslocar, economizando energia e se alimentando de organismos que vivem na pele da jubarte. Segundo Meynecke, a relação entre os animais é inofensiva e não parasitária; inclusive, as rêmoras podem ajudar a remover outros parasitas da pele das baleias.

Reações das baleias jubarte

Apesar das vantagens, as baleias jubarte podem não gostar da presença das rêmoras. Em alguns casos, foi possível observar até 50 peixes-ventosa grudados na pele da baleia. O pesquisador relatou que, em várias ocasiões, observou as baleias olhando para as rêmoras, realizando saltos para fora da água e depois voltando a verificar se elas ainda estavam presentes. As câmeras vão ajudar a entender não apenas a vida das baleias jubarte, mas também das rêmoras, incluindo o ciclo de vida delas e seus padrões de comportamento. Isso porque ainda não se sabe se elas descem para a Antártida de ‘carona’ ou por quanto tempo ficam em um mesmo hospedeiro.

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