O conflito no Sudão, que se arrasta desde abril de 2023, atingiu níveis alarmantes na cidade de El Fasher. Refugiados que conseguiram escapar da violência relatam cenas de horror, incluindo assassinatos e saques, praticados pelas Forças de Apoio Rápido (FAR). Os relatos, colhidos pela AFP, descrevem um cenário de desespero e brutalidade.
Munir Abderahman, um adolescente que fugiu para o Chade após uma jornada de 11 dias, presenciou o assassinato de enfermeiros em um hospital. “Ouvimos tiros e vi sangue escorrendo por baixo da porta”, relatou o jovem, descrevendo o terror vivido durante a tomada da cidade pelas FAR. A situação forçou Munir a abandonar El Fasher com seu pai, que já estava ferido e não resistiu à viagem.
Outros sobreviventes relatam bombardeios intensos e a descoberta de corpos nas ruas. Hamid Souleyman Chogar, de 53 anos, lembra que “sempre que subia para tomar ar fresco, via novos cadáveres na rua”. O medo constante pairava sobre a população, impedindo que as pessoas sequer se comunicassem.
Além da violência generalizada, os refugiados também enfrentam a discriminação racial e a extorsão nos postos de controle estabelecidos pelas FAR. Mahamat Ahmat Abdelkerim, que perdeu um filho em um ataque com drones, teve seus pertences roubados e foi forçado a pagar para continuar sua fuga. “Disseram-nos que somos negros, que somos escravos”, relatou um refugiado, evidenciando a crueldade do tratamento.
Diante da escalada da violência, a ONU estima que cerca de 90 mil pessoas já fugiram de El Fasher. A agência de refugiados da ONU se prepara para receber um grande fluxo de refugiados nos próximos meses. O conflito no Sudão já é considerado a pior crise humanitária do mundo, com dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados.
Fonte: http://jovempan.com.br
