Mudanças visam prevenir hipertensão entre a população

A pressão arterial considerada de risco no Brasil mudou de patamar, reclassificando valores entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9 como pré-hipertensão.
Uma nova diretriz, apresentada em 18 de setembro de 2025, durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, reclassifica como pré-hipertensão os valores de pressão arterial entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9 (120-139 mmHg sistólica e/ou 80-89 mmHg diastólica). O documento foi elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
Mudanças nas diretrizes de tratamento
Antes considerados “normais limítrofes”, esses números passam a exigir maior atenção médica. A mudança tem como objetivo reforçar a prevenção: nessa fase inicial, sem que a hipertensão esteja totalmente instalada, médicos devem recomendar mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, prescrever medicamentos. Além disso, a meta de tratamento foi alterada; agora, a recomendação é reduzir a pressão para abaixo de 13 por 8 (<130/80 mmHg) em todos os hipertensos, independentemente de idade ou sexo.
Novos critérios de avaliação
Pela primeira vez, o relatório propõe uma avaliação além dos números da pressão arterial. Foi incorporado o escore PREVENT, que estima a probabilidade de um paciente sofrer um evento cardiovascular em dez anos, considerando fatores como obesidade, diabetes e colesterol alto. Médicos deverão adotar condutas mais intensas para pacientes classificados como de alto ou muito alto risco.
Recomendações específicas para o SUS
O documento traz ainda recomendações específicas para o Sistema Único de Saúde (SUS), priorizando o uso de medicamentos disponíveis na rede pública e protocolos multiprofissionais. Também são abordadas orientações para a saúde feminina, enfatizando a monitorização da pressão arterial em mulheres que usam anticoncepcionais e aquelas no peri e pós-menopausa.
Desafios e impactos
A hipertensão é uma condição silenciosa e responsável pela maioria dos infartos e AVCs no Brasil. Com a reclassificação e as novas metas, milhões de brasileiros passam a ser considerados em risco. O desafio agora é implementar essas recomendações nas práticas médicas, tanto em consultórios privados quanto nas unidades de saúde pública.