Universidade Federal do Ceará firma contrato para curativo biológico com pele de tilápia

Iniciativa visa transformar a pele de tilápia em curativos para medicina humana e veterinária

Universidade Federal do Ceará firma contrato para curativo biológico com pele de tilápia
Foto: Viktor Braga/UFC

Contrato com consórcio Biotec's visa desenvolver curativos biológicos a partir da pele de tilápia.

Iniciativa inovadora da UFC transforma pele de tilápia em curativos

A Universidade Federal do Ceará (UFC) anunciou, nesta semana, um contrato com o consórcio Biotec’s, que inclui as empresas Biotec Solução Ambiental Indústria e Comércio Ltda. e Biotec Controle Ambiental Ltda., para produzir curativos biológicos a partir da pele de tilápia. Essa tecnologia, desenvolvida ao longo de uma década, visa oferecer uma nova solução acessível tanto para o sistema de saúde quanto para a medicina veterinária.

O contrato assegura ao consórcio o direito exclusivo de uso, desenvolvimento e comercialização da pele de tilápia liofilizada como matéria-prima para criar kits de curativos biológicos. O consórcio investirá inicialmente R$ 850 mil para acessar a tecnologia, além de pagar royalties de 3,7% sobre as receitas obtidas com a venda do produto. Esses royalties serão compartilhados entre a UFC e os pesquisadores Edmar Maciel Lima Júnior e Marcelo José Borges de Miranda.

A pesquisa e suas inovações

A pesquisa que levou a essa inovação começou em 2015 no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC. O uso da pele de tilápia, rica em colágeno tipo 1 e com alta resistência, como curativo temporário e oclusivo em feridas e queimaduras é uma proposta inovadora, aplicável tanto em humanos quanto em animais. A expectativa é que a pele de tilápia, que antes era descartada como resíduo da aquicultura, ganhe um novo valor agregado dentro do contexto da medicina regenerativa.

Com a formalização do contrato, o consórcio Biotec’s agora é responsável por todas as etapas de desenvolvimento do produto, que incluem estudos clínicos de eficácia, testes de alergenicidade e a obtenção de autorizações regulatórias junto à Anvisa e outros órgãos competentes. O produto destinado a animais deve estar disponível no mercado em até três anos, enquanto o voltado para humanos tem um prazo máximo de cinco anos para a comercialização.

Detalhes do contrato e obrigações

O acordo com o consórcio terá uma vigência total de 14 anos e inclui várias cláusulas que garantem a quantidade mínima de produção e a possibilidade de terceirização de atividades. Também estão previstas penalidades em caso de descumprimento de prazos ou obrigações contratuais. Mesmo com o licenciamento, a UFC e os pesquisadores ainda poderão continuar suas investigações científicas sobre a pele de tilápia.

Um exemplo desse compromisso é a inauguração, programada para 31 de outubro, do Laboratório de Pesquisa da Pele de Tilápia, que visa ampliar o escopo de estudos e inovações relacionados ao uso desse material na medicina.

Futuro promissor para a tecnologia

O contrato também estabelece como serão tratados novos ativos intelectuais que possam surgir. Se considerados uma extensão da tecnologia atual, os direitos permanecerão com a UFC e os pesquisadores; caso contrário, todos poderão ser cotitulares. Essa parceria entre a universidade e a iniciativa privada promete revolucionar os tratamentos médicos, destacando o papel da ciência brasileira na inovação em saúde.

A pele de tilápia, frequentemente descartada, agora aparece como uma solução viável e promissora, alinhando-se com as necessidades do setor de saúde e contribuindo para a sustentabilidade através do uso de recursos usualmente desperdiçados.

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