Dados de outubro mostram queda nas exportações de café, mas crescimento na arrecadação

As exportações de café do Brasil caíram 20% em volume em outubro, enquanto a receita aumentou 12,6%.
Exportações de café do Brasil em outubro de 2024
Em outubro de 2024, as exportações de café do Brasil apresentaram uma queda de 20%, totalizando 4,141 milhões de sacas, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Este resultado é uma redução significativa em comparação às 5,176 milhões de sacas exportadas no mesmo mês de 2023. Apesar dessa diminuição no volume, a receita alcançou US$ 1,654 bilhão, refletindo um aumento de 12,6%.
Contexto da queda nas exportações
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, destacou que essa diminuição nas exportações era esperada, especialmente após um período de remessas recordes em 2023 e devido a uma safra com menor potencial produtivo. Ferreira também apontou que a infraestrutura defasada nos portos brasileiros tem dificultado o embarque de grandes quantidades de sacas, e a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos contribuiu para essa situação.
Comparativo do acumulado do ano
No acumulado do ano safra 2025/2026, de julho a outubro, as exportações de café caíram 20,3%, somando 13,846 milhões de sacas, enquanto a receita cresceu 12,4%, atingindo US$ 5,185 bilhões. De janeiro a outubro de 2024, o Brasil exportou 33,279 milhões de sacas, também uma queda de 20,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Impacto do tarifaço dos EUA
Entre agosto e outubro, período em que vigorou a tarifa de 50% sobre os cafés importados do Brasil, os Estados Unidos adquiriram 983.970 sacas, uma queda de 51,5% em comparação com 2,030 milhões de sacas nos mesmos meses de 2023. Ferreira ressaltou que o Brasil sempre foi o principal fornecedor de café para os EUA, mas essa taxação torna inviável a exportação do produto. Ele também mencionou que a indústria cafeeira americana já começa a oferecer blends sem café brasileiro, o que pode mudar o paladar dos consumidores.
Negociações para isenção de tarifas
Atualmente, o café brasileiro está classificado na seção 3 da ordem executiva assinada pelo ex-presidente americano Donald Trump, que abrange recursos naturais não produzidos nos EUA. Ferreira revelou que o objetivo do Cecafé é transferir o café para a seção 2, permitindo sua importação sem tarifas. O presidente do Cecafé afirmou que o grupo tem intermediado conversas entre torrefadores americanos e a embaixada brasileira em Washington, buscando uma solução para este impasse.
Ferreira também mencionou que o governo americano demonstrou intenção de reconsiderar as tarifas, especialmente pela necessidade do produto brasileiro e pela inflação local. Portanto, a negociação para a isenção do café se torna crucial, e a responsabilidade de avançar com essa questão agora recai sobre o governo brasileiro.



