Apesar da alta nos preços, fatores externos e pressão da indústria geram incertezas no setor pecuário.
O mercado do boi gordo apresenta preços próximos de R$ 330, mas tensões e incertezas afetam o setor.
Mercado do boi gordo inicia novembro em preços elevados, mas tensões se intensificam
O mercado do boi gordo iniciou a segunda quinzena de novembro com preços próximos de R$ 330 por arroba, refletindo um consumo interno aquecido e uma oferta curta. No entanto, essa aparente estabilidade esconde tensões que podem impactar as futuras negociações. Os frigoríficos estão se afastando das compras, o que levanta preocupações entre os pecuaristas.
Fatores que influenciam os preços do boi gordo
O varejo, impulsionado pela chegada do 13º salário e contratações temporárias, apresenta um fôlego momentâneo. Entretanto, a pressão de baixa dos frigoríficos, que estão reduzindo suas compras e realizando abates intercalados, tem gerado um cenário de insegurança. Segundo análises do Safras&Mercados, as escalas de abate estão curtas, em torno de sete dias úteis na média nacional, o que contribui para uma leve acomodação dos preços.
Preços e variações nas principais praças
Os preços médios do boi gordo nas principais praças refletem essa realidade. Em São Paulo, os valores variam entre R$ 322 e R$ 327, enquanto em Goiás ficam acima de R$ 316 e no Mato Grosso entre R$ 306 e R$ 309. O Índice Datagro também aponta pequenas oscilações, indicativas de um mercado atento a qualquer notícia que possa alterar a tendência atual.
A pressão sobre os frigoríficos e a resposta do setor
A pressão sobre os frigoríficos é visível, com muitos deles adotando férias coletivas para limitar a demanda por boiadas gordas, o que enfraquece a capacidade de barganha dos pecuaristas. A análise da Agrifatto destaca que, no dia 13 de novembro, praças como São Paulo e Mato Grosso do Sul registraram quedas nos preços, indicando uma tendência de pressão que pode se intensificar.
Fatores externos que afetam o mercado
Além das dinâmicas internas, dois fatores externos também estão sendo monitorados. Primeiro, a China conclui uma análise sobre os impactos da carne importada na produção local, o que pode levar à implementação de cotas ou tarifas, reduzindo a competitividade da carne brasileira. O segundo fator é a recente preocupação com o registro de fluazuron, um produto usado no controle de carrapatos, que reacendeu alertas sanitários.
O que esperar para o futuro do mercado do boi gordo
Apesar das dificuldades, o mercado atacadista de carne bovina continua firme, com o quarto traseiro alcançando R$ 26,00/kg e o dianteiro R$ 19,50/kg. A arroba, que se estabiliza perto dos R$ 330, reflete um consumo sustentado, mas também é pressionada pela postura dos frigoríficos e os ruídos externos. O setor está atento a três pontos principais: a oferta curta, a retração da indústria e as possíveis decisões da China que podem alterar o cenário.
A palavra-chave para os próximos dias é cautela, tanto no campo quanto nas negociações. O mercado está em um momento crítico, e a continuidade das disputas entre indústria e pecuária promete intensificar as tensões atuais.
