Aquecimento global e manejo impactam pegada hídrica na produção de leite

Estudo revela como intervenções podem reduzir o consumo de água na pecuária leiteira

Aquecimento global e manejo impactam pegada hídrica na produção de leite
Pesquisadores estudam a pegada hídrica na produção de leite. Foto: Gisele Rosso

Estudo analisa como práticas de manejo e mudanças climáticas afetam a água na produção leiteira.

O impacto do aquecimento global na pegada hídrica na produção leiteira

Pesquisadores de instituições brasileiras e alemãs analisaram como intervenções nas práticas produtivas e no manejo dos dejetos impactam a pegada hídrica na produção leiteira. O estudo, intitulado “How do production practices and climate change impact the water footprint of dairy farms?”, foi publicado na revista internacional Science of The Total Environment. O trabalho avaliou 67 fazendas em Lajeado Tacongava, no Rio Grande do Sul, que representam 81,7% das propriedades na bacia hidrográfica.

Metodologia e dados coletados

Os pesquisadores realizaram 192 combinações de boas práticas e cenários climáticos para cada propriedade estudada, resultando em dados que ajudam a orientar a sustentabilidade na produção de leite. O conceito de pegada hídrica considera a quantidade de água consumida, tanto diretamente na propriedade quanto indiretamente, no cultivo de alimentos para os animais. O estudo calculou a pegada hídrica com base nas diretrizes do Manual de Avaliação da Pegada Hídrica, analisando os consumos de água verde, azul e cinza.

Água verde, azul e cinza

A água verde refere-se à água consumida na produção dos alimentos dos bovinos, enquanto a água azul contabiliza o uso de fontes superficiais e subterrâneas. Por sua vez, a água cinza é calculada com base na água necessária para o tratamento de nitratos que escoam para a água superficial. Segundo o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, melhorias na produtividade das culturas e redução do consumo de água nas operações são essenciais para diminuir a pegada hídrica.

Resultados do estudo

A pegada hídrica média foi de 704 litros de água por quilo de leite, com variações significativas entre os sistemas de produção. As propriedades a pasto tiveram uma pegada hídrica que variou de 299 a 1.058 litros. Na semi-confinada, a variação foi de 656 a 965 litros, enquanto as confinadas apresentaram uma pegada entre 562 e 950 litros. O estudo revelou que práticas adequadas podem tornar qualquer sistema de produção ambientalmente amigável.

Efeitos do aquecimento global

O aquecimento global tem um impacto significativo na pegada hídrica, aumentando a demanda de água para os animais e reduzindo o rendimento das culturas de milho utilizadas na dieta bovina. As combinações que resultaram em maior eficiência hídrica consideraram o aumento da produtividade das culturas e a redução do consumo de água na lavagem da sala de ordenha.

Conclusões e recomendações

As práticas que garantem o uso eficiente da água são cruciais para a sustentabilidade na produção de leite. O tratamento de efluentes e a manutenção de sistemas de produção de alto desempenho são fundamentais para reduzir a pegada hídrica. Os resultados da pesquisa contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, focando em práticas agropecuárias resilientes e no uso responsável dos recursos naturais.

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