Estudo sugere que interações sociais reativam neurônios e melhoram memória em camundongos com Alzheimer

Pesquisa aponta que interações sociais podem melhorar comportamento de camundongos com Alzheimer.
Interações sociais podem atrasar sintomas de Alzheimer
Um estudo recente conduzido pela neurocientista Laure Verret, da Universidade de Toulouse, revela que interações sociais são capazes de reativar neurônios e melhorar o comportamento de camundongos com Alzheimer. A pesquisa destaca o impacto positivo de estímulos ambientais — sociais, cognitivos e sensoriais — na preservação da memória, mesmo em casos de danos cerebrais já estabelecidos.
Metodologia do estudo e resultados surpreendentes
Para realizar a pesquisa, a equipe de Verret expôs 12 camundongos que apresentavam déficits cognitivos iniciais a um ambiente coletivo e enriquecido durante dez dias. Esse ambiente incluía objetos variados e constantes mudanças, proporcionando uma experiência de socialização intensa. Após esse período, os camundongos foram retornados a gaiolas individuais, e os resultados foram surpreendentes: os roedores socializados passaram a reconhecer outros animais e apresentaram um desempenho superior em testes cognitivos, em comparação com aqueles que não receberam estímulos sociais. Isso sugere uma restauração parcial da função do hipocampo, região do cérebro essencial para a memória.
O papel dos neurônios parvalbumina e suas implicações
A hipótese inicial dos pesquisadores indicava que os neurônios parvalbumina (PV), conhecidos como “maestros” do cérebro por regularem a atividade de outras células nervosas, seriam os principais responsáveis pela melhora observada. Para testar essa relação de causa e efeito, a equipe bloqueou temporariamente a formação das redes neurais que protegem esses neurônios. Os resultados mostraram que a memória melhorou apenas nas áreas do cérebro não afetadas pela intervenção, reforçando o papel decisivo dos neurônios PV na recuperação da memória.
Avanços terapêuticos e a importância do estilo de vida
Os cientistas também aplicaram a proteína neuregulina, que demonstrou ajudar na restauração da atividade neuronal. Laure Verret ressalta que os resultados do estudo evidenciam que o estilo de vida, incluindo interações sociais e estímulos sensoriais, continua sendo essencial para retardar o declínio cognitivo. Isso abre caminho para novas abordagens terapêuticas, que não se baseiam exclusivamente em medicamentos, especialmente entre a população idosa.
Conclusão e futuro da pesquisa em Alzheimer
Esses achados não apenas fornecem novas perspectivas sobre o tratamento do Alzheimer, mas também destacam a importância de ambientes socialmente ativos e enriquecidos para a saúde cognitiva. A pesquisa sugere que, ao promover a socialização e a estimulação sensorial, podemos contribuir para a preservação da memória e o bem-estar dos indivíduos afetados por doenças neurodegenerativas.



