Análise revela prejuízo nas aquisições da China, favorecendo soja brasileira

Compras de soja dos EUA pela China geram prejuízo e ampliam a competitividade da soja brasileira, segundo especialistas.
Custo das compras chinesas de soja nos EUA e a vantagem do Brasil
As compras chinesas de soja nos EUA não fazem sentido econômico, conforme apontado pela consultoria AgResource. O presidente da empresa, Dan Basse, revelou que o governo da China, ao adquirir soja dos Estados Unidos, enfrenta prejuízos de até US$ 1,20 por bushel. Essa situação ilustra a complexidade das relações comerciais e a política por trás das decisões de compra.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) confirmou a venda de 792 mil toneladas de soja para a China, com entregas programadas entre abril e maio de 2026. Essa quantidade equivale a aproximadamente 14 a 18 navios, segundo Basse. Contudo, é importante notar que a indústria privada chinesa tem optado por importar soja da América do Sul devido aos preços mais competitivos.
Comparação de preços e preferências do mercado
Na última sexta-feira, os preços da soja em Chicago aumentaram em US$ 0,30 por bushel, enquanto os prêmios no Brasil diminuíram entre US$ 0,15 e US$ 0,25. Isso resulta em uma oferta de soja brasileira entre US$ 1,30 e US$ 1,40 abaixo dos preços do Golfo, o que torna a soja brasileira ainda mais atraente para os compradores globais. O analista Ben Buckner destacou que a moagem de soja nos EUA atingiu um recorde de 6,2 milhões de toneladas em outubro, conforme dados da Nopa, a associação das indústrias de processamento de oleaginosas.
Impacto das políticas de biocombustíveis e do clima
Esse aumento na moagem impulsionou a AgResource a revisar suas estimativas, acrescentando cerca de 680 mil toneladas ao esmagamento e superando as projeções do USDA. Além disso, o crescente consumo de óleo de soja para biocombustíveis, apoiado pela política 45Z, tem contribuído para a alta dos preços. A produção de farelo também acompanhou essa tendência, com um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Buckner alerta que, com a produção em alta, o mercado precisará garantir preços competitivos para absorver o volume adicional. A chegada do farelo brasileiro ao mercado, com preços mais baixos, pressiona ainda mais as cotações americanas.
Expectativas para o clima na América do Sul
Nos próximos meses, o clima na América do Sul será crucial para os preços da soja, superando qualquer influência das políticas comerciais entre os EUA e a China. Buckner enfatiza que dezembro é um mês vital para a produtividade no Mato Grosso, onde chuvas entre 18 e 25 centímetros são esperadas para garantir rendimentos consistentes. A Conab projeta uma produtividade ligeiramente abaixo da média, mas chuvas normais podem adicionar milhões de toneladas à safra. Portanto, a atenção se volta para as condições climáticas e seus impactos no mercado de soja.




