Gargalos históricos comprometem a riqueza do agronegócio em 2025

Mesmo em ano de supersafra, problemas estruturais afetam a rentabilidade do setor agrícola

Gargalos históricos comprometem a riqueza do agronegócio em 2025
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Apesar da supersafra, gargalos do agronegócio afetam a renda do produtor brasileiro.

Gargalos do agronegócio afetam a rentabilidade dos produtores

A agricultura brasileira caminha para mais um marco histórico. Segundo as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o ciclo 2025/26, o país deve colher uma supersafra estimada em 354,8 milhões de toneladas de grãos. Embora a produção cresça, a rentabilidade do produtor não acompanha o mesmo ritmo, evidenciando uma realidade financeira dura na agricultura.

Os velhos gargalos do agronegócio são apontados como os principais responsáveis por essa erosão estrutural da renda. Problemas crônicos de infraestrutura e logística atuam como “sócios ocultos”, confiscando uma fatia do faturamento antes que o grão chegue ao porto. O déficit estático de armazenagem é um dos problemas mais críticos. O Brasil já supera 125 milhões de toneladas sem espaço adequado para armazenagem estática, enquanto a FAO recomenda que um país tenha capacidade para armazenar 1,2 vezes a sua safra anual.

Impactos da falta de armazenagem no setor

Sem silos na fazenda, o produtor perde o poder de barganha, sendo obrigado a vender a soja ou o milho “na boca da safra”, quando os preços estão baixos. Estima-se que os agricultores que não possuem armazenagem deixem de ganhar entre R$ 10,00 e R$ 15,00 por saca, devido à falta de infraestrutura.

Além disso, a dependência excessiva do transporte rodoviário, que movimenta mais de 60% da safra nacional, agrava a situação. Em anos de supersafra, a demanda por caminhões inflaciona o valor do frete, consumindo entre 25% e 30% da receita bruta da saca de soja em regiões distantes do litoral. O tempo de espera em portos gera multas, e as rodovias precárias resultam em perdas milionárias.

O custo crescente da produção

Os custos de entrada no agronegócio também são alarmantes. O Custo Operacional Efetivo (COE) permanece elevado, mesmo com a estabilização dos preços de alguns fertilizantes. A elevação da taxa Selic torna o crédito rural mais caro, dificultando o acesso ao financiamento para custeio e investimento. Assim, a relação de troca piora, mostrando que os gargalos têm uma vertente financeira e macroeconômica.

Soluções para os gargalos do agronegócio

Diante da lentidão das obras públicas, como a Ferrogrão, a proteção da riqueza do campo passa pela gestão privada e estratégias defensivas. Especialistas sugerem três caminhos: investimento em armazenagem própria, gestão de risco e associativismo. O investimento em silos permite que o produtor venda ao longo do ano, enquanto a gestão de risco garante que o custo de produção seja coberto. Cooperativas e condomínios de armazenagem podem ajudar pequenos e médios produtores a diluir os altos custos iniciais.

A supersafra de 2025/26 é uma conquista do produtor brasileiro, mas a falta de soluções para os gargalos pode fazer com que a riqueza escoe sem que o agricultor tenha o devido retorno. Para garantir um futuro mais próspero, é imprescindível que o Brasil invista em infraestrutura e logística no agronegócio.

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