A Síndrome de Asherman, uma condição caracterizada pela formação de aderências dentro do útero, pode ser mais comum do que se imagina. Nessas situações, as paredes internas do útero acabam se unindo, impactando diretamente a saúde reprodutiva da mulher. Muitas vezes silenciosa, a síndrome pode se manifestar apenas pela dificuldade em engravidar ou por alterações no ciclo menstrual, o que frequentemente leva a um diagnóstico tardio.
O atraso no diagnóstico é um fator crucial, pois quanto mais tempo se leva para identificar a condição, maiores podem ser os impactos na fertilidade. A síndrome pode levar a quadros de infertilidade e abortos de repetição. Por isso, é importante estar atenta aos sinais e buscar ajuda médica especializada.
A principal causa da Síndrome de Asherman reside na cicatrização exacerbada do útero, frequentemente após abortamentos, curetagens ou aspirações intrauterinas. Cirurgias uterinas, como histeroscopias para remoção de pólipos ou miomas, também podem aumentar o risco. Essa cicatrização excessiva leva à formação de áreas de fibrose, reduzindo o espaço interno do útero e diminuindo o fluxo sanguíneo na região.
Essas aderências podem comprometer a espessura e a qualidade do endométrio, tecido essencial para a implantação do embrião. A dificuldade de expansão da cavidade uterina e a presença de áreas inadequadas para a fixação embrionária reduzem significativamente as chances de gravidez. Em casos mais graves, a menstruação pode se tornar escassa ou até mesmo cessar, indicando a perda da função normal do endométrio.
O diagnóstico da Síndrome de Asherman é geralmente realizado por meio da histeroscopia, um exame que permite a visualização direta da cavidade uterina. “A histeroscopia é considerada o padrão-ouro por mostrar diretamente as aderências, sua localização e sua extensão”, explica o Dr. Dani Ejzenberg, ginecologista e especialista em Reprodução Assistida na ENNE Clinic. Outros exames, como o ultrassom transvaginal e a histerossalpingografia, podem auxiliar, mas nem sempre detectam casos mais leves.
A boa notícia é que a Síndrome de Asherman tem tratamento, e a precocidade na detecção é fundamental para o sucesso. A histeroscopia cirúrgica é o procedimento mais utilizado para remover as aderências e restaurar a anatomia da cavidade uterina. Após a cirurgia, a terapia hormonal é frequentemente prescrita para estimular a regeneração do endométrio, e, em alguns casos, o uso de um DIU pode ser recomendado para prevenir novas aderências durante o processo de cicatrização.
A fertilidade pode ser totalmente recuperada quando o tratamento é realizado em estágios iniciais da síndrome. Mesmo em casos mais graves, observa-se uma melhora significativa, permitindo que muitas mulheres engravidem naturalmente ou por meio de técnicas de reprodução assistida. A Síndrome de Asherman pode ser silenciosa, mas não precisa ser um obstáculo permanente.
Reconhecer os sinais precoces, investigar alterações menstruais e buscar avaliação especializada após procedimentos uterinos são passos cruciais para proteger a saúde reprodutiva. Com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, a maioria das pacientes pode recuperar a possibilidade de construir a família que deseja.
*Dr. Dani Ejzenberg – CRM 100673*
*Ginecologista e especialista em Reprodução Assistida na ENNE Clinic*
*Membro da Brazil Health*
Fonte: http://jovempan.com.br
