A diferença na passagem do tempo entre Marte e a Terra

Físicos analisam como a gravidade e a órbita afetam a medição do tempo no Planeta Vermelho

A diferença na passagem do tempo entre Marte e a Terra
Análise da diferença temporal entre Marte e a Terra. Foto: Logotipo Olhar Digital

Pesquisadores revelam que o tempo passa mais rápido em Marte devido a sua gravidade e órbita.

Físicos do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST) revelaram que a diferença na passagem do tempo entre Marte e a Terra é influenciada por fatores como a gravidade e a órbita do planeta vermelho. Este estudo, conduzido por Neil Ashby e Bijunath Patla, foi publicado na segunda-feira (1º) no periódico científico The Astronomical Journal.

Como a gravidade afeta o tempo em Marte

Os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos complexos para calcular como os relógios em Marte se descompassam em relação aos da Terra. Eles consideraram a gravidade marciana, a órbita elíptica do planeta e a influência do Sol, da Terra e da Lua. O resultado indica que os segundos marcianos passam ligeiramente mais rápido que os terrestres. Essa diferença é crucial para a futura implementação de redes de navegação e comunicação no Planeta Vermelho.

O impacto da órbita elíptica

“Marte está mais distante do Sol e sua órbita é mais elíptica que a da Terra, o que aumenta as variações no tempo”, explicou Patla. Ele destacou que calcular os efeitos da gravidade entre quatro corpos celestes (Sol, Terra, Lua e Marte) é mais complexo do que o clássico problema de três corpos da física. A relatividade geral de Albert Einstein mostra como a gravidade e a velocidade podem alterar a percepção do tempo.

Diferença mínima, mas significativa

Em Marte, a gravidade é cerca de cinco vezes mais fraca que na Terra. Apesar de um astronauta em Marte perceber o tempo normalmente, com cada segundo durando exatamente um segundo, ao comparar com os relógios da Terra, percebe-se que cada segundo marciano ocorre um pouco mais rápido. Ao longo de um dia marciano, que dura aproximadamente 24 horas e 40 minutos, essa diferença resulta em uma média de 477 milionésimos de segundo, podendo variar conforme a posição de Marte em relação à Terra e à Lua.

Implicações para a comunicação interplanetária

Embora essa discrepância seja minúscula, ela pode afetar redes de comunicação e navegação que sejam instaladas em Marte. Sistemas que requerem precisão extrema, como o 5G, poderiam ser impactados. Estudar essa diferença de tempo é fundamental para sincronizar os relógios entre os dois planetas e otimizar a transmissão de dados, considerando o tempo que a luz leva para viajar entre eles.

O futuro da exploração de Marte

“Ainda podem passar décadas até que Marte tenha veículos exploradores em grande número, mas já é útil estudar os relógios e sistemas de navegação de outros planetas”, afirmou Ashby. Ele ressaltou que, assim como o GPS na Terra, as futuras redes marcianas dependerão de relógios precisos e da relatividade geral para funcionar de forma eficaz. Os cientistas já haviam realizado comparações entre o tempo na Lua e na Terra, descobrindo que os relógios lunares adiantam 56 milionésimos de segundo por dia.

Com a exploração do Sistema Solar se aproximando da realidade, a pesquisa sobre a passagem do tempo em Marte e suas implicações se torna cada vez mais relevante.

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