A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, liderada pelo ministro Sidônio Palmeira, negou qualquer ligação com a Rede Minerva, um projeto de combate à desinformação financiado com R$ 54 milhões. A iniciativa, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), levanta questionamentos sobre transparência e direcionamento dos recursos públicos.
Os fundos para a Rede Minerva provêm do Ministério da Saúde (R$ 12,1 milhões) e do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), ligado ao Ministério da Justiça (R$ 42 milhões). A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, revelando que, apesar da negativa da Secom, o projeto surgiu de discussões que envolveram dirigentes da própria secretaria.
Em resposta ao jornal, a Secom declarou que “não participa da governança e não aporta recursos no conjunto de iniciativas que fazem parte da Rede Minerva”. Contudo, Tiago Emmanuel Nunes Braga, diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), responsável pela rede, afirma que o projeto nasceu da “interlocução com a Secretaria de Análise, Estratégia e Articulação [da Secom]”.
Apesar do vultoso orçamento, a Rede Minerva enfrenta críticas pela falta de transparência em suas atividades. Relatórios de monitoramento de redes sociais, por exemplo, são restritos a órgãos públicos. O Ibict, no entanto, assegura que os trabalhos da Rede Minerva serão disponibilizados para consulta pública gradualmente, ao longo da execução do projeto, que se estende até 2026.
Entre as ações da Rede Minerva, destaca-se o monitoramento de publicações em redes sociais de políticos, opositores e veículos de imprensa, abordando temas de interesse do governo, como vacinação e programas sociais. O monitoramento é realizado pelo Laboratório de Internet e Ciência de Dados (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo. A Revista Oeste entrou em contato com os ministérios da Justiça e da Saúde para obter esclarecimentos sobre os objetivos e critérios de alocação de recursos do projeto, aguardando um posicionamento.
A polêmica se estende ao diretor do Ibict, Tiago Emmanuel Nunes Braga, que passou a receber uma bolsa de R$ 7 mil mensais para “classificar e sistematizar os dados” coletados na pesquisa. A concessão da bolsa, segundo ele, foi validada pela Subsecretaria do MCTI, mas levanta questionamentos éticos sobre o uso dos recursos públicos.
Além das bolsas de pesquisa, a Rede Minerva também financiou viagens, incluindo o envio de um pesquisador a Cuba para participar de um evento organizado pela Unión de los Periodistas de Cuba, com um custo de R$ 16,5 mil. O caso reacende o debate sobre a aplicação dos recursos destinados ao combate à desinformação e a necessidade de maior transparência nas ações da Rede Minerva.
Fonte: http://revistaoeste.com