O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, neste domingo, a diminuição do apoio financeiro de nações ricas ao desenvolvimento de países mais pobres. A crítica foi feita durante o Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco, onde Lula ressaltou a importância do investimento para o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Lula expressou preocupação com a queda de 7% na Assistência Oficial ao Desenvolvimento (AOD) em 2024, contrastando com o aumento de 9,4% nos gastos militares. “Isso mostra que não falta dinheiro. O que falta é disposição e compromisso político para financiar”, afirmou o presidente, destacando a necessidade de priorizar o financiamento para o desenvolvimento sustentável.
A AOD, definida pela OCDE, é crucial para o bem-estar econômico e social dos países em desenvolvimento, visando principalmente o alívio da pobreza e o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Lula enfatizou que o ODS 14, focado na conservação dos recursos marinhos, é um dos menos financiados da Agenda 2030, com um déficit estimado em US$ 150 bilhões por ano.
O presidente brasileiro também alertou para a importância dos oceanos, responsáveis por regular o clima, transportar grande parte do comércio internacional e sustentar redes de dados globais. Segundo Lula, a economia gerada pelos oceanos é de US$ 2,6 trilhões anuais. “Se fosse um país, o oceano ocuparia a quinta posição entre as maiores economias do mundo”, ressaltou.
Lula defendeu a conclusão de um instrumento para combater a poluição plástica nos oceanos e a ratificação do tratado para a biodiversidade em águas internacionais. Ele mencionou a COP29, no Azerbaijão, criticada por não gerar um acordo robusto sobre financiamento climático, e reforçou que a COP30, no Brasil, buscará reverter esse cenário, defendendo ações coletivas e o cumprimento de promessas.
O presidente destacou a vulnerabilidade dos países em desenvolvimento, que dependem mais da economia azul. Para Lula, as instituições financeiras internacionais precisam desempenhar um papel central, desburocratizando o acesso a fundos climáticos. Ele sugeriu a troca de dívida por desenvolvimento e a emissão de direitos especiais de saque como meios de mobilizar recursos.
Além de sua participação no fórum, Lula tem encontros agendados com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e com a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay. Ele também participará da 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC 3), em Nice, marcando o encerramento de sua agenda na França.
Fonte: http://ric.com.br