Um levantamento recente revelou um cenário preocupante em 12 estados brasileiros: o número de famílias beneficiárias do Bolsa Família supera o de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. A disparidade, concentrada nas regiões Norte e Nordeste, expõe desafios estruturais no mercado de trabalho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), excluindo o setor público da análise.
A situação mais crítica é observada no Maranhão, onde existem 1,2 milhão de famílias dependentes do Bolsa Família, em contraste com apenas 669 mil empregos formais. Em contrapartida, Santa Catarina apresenta um quadro oposto, com uma proporção de 11 trabalhadores formais para cada beneficiário do programa social. A pandemia e as medidas emergenciais agravaram essa distorção.
Antes da crise sanitária, oito estados apresentavam essa inversão. Em 2022, esse número saltou para 13, impulsionado pelos auxílios emergenciais. Após ajustes e revisões nos cadastros, o número foi reduzido para 12. No entanto, a proporção de beneficiários em relação aos trabalhadores formais ainda é alta: em agosto de 2024, representava 42,6% do total de empregos formais no país.
O Bolsa Família, programa central em debates políticos, passou por transformações nos últimos anos. Em 2022, o governo Bolsonaro o renomeou para Auxílio Brasil, expandindo o número de beneficiários e elevando o valor do benefício. Com o retorno de Lula à presidência em 2023, o programa retomou seu nome original e o valor médio foi ajustado para R$ 681.
A expansão do programa, contudo, coincidiu com um período de queda no emprego formal, impulsionando a informalidade e a dependência de transferências sociais. Diante desse cenário, o governo implementou uma revisão rigorosa dos cadastros, buscando otimizar a distribuição do benefício. Essa medida, combinada com a criação de novas vagas formais, tem contribuído para reverter o desequilíbrio, embora os estados do Norte e Nordeste ainda enfrentem desafios significativos.
Fonte: http://revistaoeste.com