A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu enfaticamente ao novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, classificando-o como repleto de inverdades. O advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa de Bolsonaro, acusou Cid de apresentar uma “memória absolutamente seletiva”, alegando que o ex-ajudante de ordens convenientemente omite certos eventos enquanto enfatiza outros.
O foco central da contestação da defesa reside nos relatos de Cid à Polícia Federal (PF) sobre uma suposta reunião entre Bolsonaro e empresários. Vilardi nega veementemente a ocorrência desse encontro, argumentando que não há registros de entrada dos empresários no Palácio do Planalto, nem qualquer menção ao evento na agenda oficial da presidência.
“A reunião com os empresários nunca aconteceu, eles não entraram no Planalto, ele está fazendo uma narrativa de uma reunião que não existiu”, declarou a defesa de Bolsonaro, questionando a credibilidade do depoimento de Cid. “Não [consta] entrada no Palácio, não está na agenda, não tem como ter tido. E aí ele narra para um general do Exército que teve reunião. É mentira, não teve reunião.”
Durante a audiência, o advogado de Bolsonaro confrontou Cid com um áudio da Polícia Federal no qual o tenente-coronel relata a pressão de empresários sobre Bolsonaro para reverter o resultado das eleições de 2022. Ao ser questionado sobre o destinatário da mensagem, Cid alegou “não se lembrar”, insinuando que poderia ser o general Freire Gomes.
Segundo a gravação, o suposto encontro teria ocorrido em 7 de novembro de 2022, com a presença do fundador da Tecnisa, Meyer Nigri, e do proprietário da Havan, Luciano Hang. Vilardi argumenta que Cid tem apresentado contradições consistentes em seus depoimentos, evitando responder a perguntas mais diretas, embora tenha classificado o depoimento mais recente como “extremamente positivo” para a defesa.
“É essa pessoa que é o delator dessa ação penal”, afirmou Vilardi, referindo-se a Cid. “Uma pessoa que mente num diálogo com um general. Então assim, é fácil depor quando você tem uma memória seletiva, você fala, eu lembro disso e disso. Aí quando você entra para perguntar para ele contradições, ele fala ‘esqueci’. Está lotado de contradições, desde o primeiro depoimento, esse é o sétimo depoimento, de novo diferente, não tem um depoimento idêntico.”
Fonte: http://revistaoeste.com