Macron Reconduz Lecornu em Meio a Crise e Busca Estabilidade Política na França

Em meio a uma turbulência política, o presidente francês Emmanuel Macron nomeou um novo governo liderado pelo primeiro-ministro Sébastien Lecornu. A decisão, anunciada neste domingo, busca estabilizar o cenário nacional através da inclusão de figuras com forte perfil técnico. Esta é a segunda vez em uma semana que Macron forma um governo, após a gestão anterior de Lecornu ter durado apenas 14 horas, mergulhando o país em uma nova crise.

Apesar de Lecornu ter apresentado sua renúncia na segunda-feira, Macron reafirmou sua confiança no primeiro-ministro apenas quatro dias depois. A prioridade do novo governo, segundo Lecornu, é “dar um orçamento à França antes do fim do ano”. Ele enfatizou que os novos ministros aceitaram os cargos “com total liberdade” e visando o bem comum, “acima de interesses partidários”.

A principal missão do governo é apresentar um orçamento para 2026 que consiga o apoio da maioria na Assembleia Nacional, a câmara baixa do parlamento francês. O objetivo é equilibrar as contas públicas, que atingiram um endividamento de 115,6% do PIB em junho. Lecornu propôs a Macron um gabinete com 34 membros, descrito como uma “mistura de sociedade civil com perfis experientes e jovens parlamentares”, buscando renovar a cena política.

Contudo, a grande questão é se o novo governo conseguirá resistir a uma possível moção de censura no Parlamento. Em menos de um ano, os antecessores de Lecornu foram derrubados ao tentar aprovar seus orçamentos. A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, já anunciou que apresentará uma moção de censura, enquanto a oposição de esquerda também ameaça derrubar o governo.

Mathilde Panot, líder parlamentar da França Insubmissa (LFI), ironizou a situação na rede X, aconselhando os recém-chegados a “não desfarem suas caixas muito rápido”. Os socialistas exigem a suspensão da reforma da previdência de 2023, imposta por decreto por Macron. O primeiro-ministro, por sua vez, se limitou a dizer que está aberto ao “debate” parlamentar. Caso o governo caia, Macron poderá antecipar as eleições legislativas, um cenário que em 2024 resultou em uma Assembleia sem maiorias e com a extrema-direita liderando as pesquisas.

O primeiro Conselho de Ministros está agendado para terça-feira, já que Macron viajará ao Egito na véspera para apoiar um acordo de cessar-fogo em Gaza. Entre os novos nomes no governo estão Laurent Nuñez, ex-prefeito de polícia de Paris, que assume o Ministério do Interior, e Jean-Pierre Farandou, chefe da companhia ferroviária nacional SNCF, que agora lidera o Ministério do Trabalho. Outros perfis técnicos incluem Édouard Geffray (Educação Nacional) e Monique Barbut (Transição Ecológica).

Lecornu também fez um pedido aos membros de seu gabinete: que não tenham ambições presidenciais para 2027, ano em que Macron não poderá se candidatar à reeleição. Permanecem no governo figuras como Jean-Noël Barrot (Chanceler), Roland Lescure (Economia), Gérald Darmanin (Justiça) e Rachida Dati (Cultura), enquanto Catherine Vautrin assume a Defesa.

Fonte: http://jovempan.com.br

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