O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou categoricamente ter utilizado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar seus adversários políticos durante seu mandato. A declaração surge em meio a crescentes alegações de uso indevido da estrutura estatal para fins pessoais e políticos. Bolsonaro fez a afirmação ao sair de um hospital em Brasília, neste sábado (21).
Questionado sobre o tema, Bolsonaro minimizou as acusações e questionou a lógica por trás delas. “Para que usaria um equipamento desses?”, indagou o ex-presidente. Ele desafiou as autoridades a identificarem os responsáveis por qualquer uso indevido, argumentando que a acusação de monitoramento é uma “fantasia”.
As declarações de Bolsonaro ocorrem em um momento delicado, marcado pela divulgação de um relatório da Polícia Federal (PF) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O documento aponta para um suposto recebimento de informações clandestinas da Abin por parte do ex-presidente. Segundo a PF, relatórios com dados sensíveis foram produzidos durante a gestão de Alexandre Ramagem na Abin e encaminhados diretamente ao gabinete de Bolsonaro.
Ainda conforme a PF, o conteúdo das investigações reforça a tese de uso indevido da estrutura estatal. O inquérito sobre a chamada “Abin paralela” teve início após reportagem do jornal *O Globo*, que revelou a compra de um sistema de espionagem que permitia o rastreamento em tempo real da localização de alvos em todo o país.
Enquanto isso, servidores da Abin intensificam a pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que demita o atual diretor-geral da instituição, Luiz Fernando Corrêa, indiciado pela PF por obstrução de Justiça. O relatório final da investigação aponta que Corrêa, já na função de diretor-geral, atuou para dificultar as apurações sobre o caso.
Diante da crise, os servidores da Abin convocaram uma assembleia geral extraordinária para este domingo (22), a fim de discutir as medidas a serem tomadas. Entre as opções em análise, estão a deflagração de uma greve e o ajuizamento de uma ação civil pública para afastar Corrêa do cargo.
Fonte: http://revistaoeste.com