A ascensão do Brasil na produção de seda de alta qualidade

Entenda como o país se destaca na sericicultura e conquista o mercado global

A ascensão do Brasil na produção de seda de alta qualidade
Foto: BRUNNO COVELLO — Foto: BRUNNO COVELLO/BRUNNO COVELLO

O Brasil se destaca na produção de seda, sendo o único país ocidental a fazê-lo em escala comercial.

O Brasil e a produção de seda: uma potência silenciosa

Quando se fala em produção de seda, o Brasil tem se destacado como um verdadeiro gigante, especialmente na sericicultura, que é a criação do bicho-da-seda. Embora o país não concorra em volume com os grandes produtores asiáticos, como China e Índia, a qualidade do fio brasileiro é reconhecida mundialmente. A produção está concentrada no Paraná, onde 83% do fio de seda do Brasil é gerado, especialmente na região conhecida como “Vale da Seda”.

A qualidade do fio paranaense

O fio de seda produzido no Brasil é considerado o mais branco e um dos melhores do mundo. Essa característica faz com que ele seja preferido por marcas de luxo, como a francesa Hermès. Em vez de competir por volume, o Brasil aposta na excelência e na qualidade de seu produto. Aproximadamente 95% do fio produzido é destinado à exportação, com mercados importantes na França, Japão, Itália e Vietnã.

Sustentabilidade na produção

Além da qualidade, a produção de seda no Brasil se destaca pela sustentabilidade. Estudos apontam que a seda nacional é a mais sustentável do planeta, com uma abordagem de economia circular que reaproveita todos os subprodutos gerados. A pupa do bicho-da-seda é utilizada como ração animal e os resíduos do casulo são aproveitados por diversas indústrias, incluindo a automotiva.

O ciclo de vida do bicho-da-seda

A produção de seda começa com o cultivo de amoreiras, que são a única fonte de alimento do bicho-da-seda. Pequenos produtores no Paraná cuidam dessas plantas, que alimentam as lagartas (Bombyx mori). Após um intenso ciclo de alimentação de aproximadamente 40 dias, as lagartas tecem seus casulos, que podem atingir até 1.500 metros de comprimento. A industrialização se inicia com a colheita desses casulos, que passam por processos cuidadosos para garantir a preservação do filamento.

Desafios da sericicultura moderna

Apesar do sucesso, o setor de sericicultura no Brasil enfrenta desafios significativos. A demanda global pela seda brasileira supera a capacidade de produção, devido à escassez de sericultores. Além disso, fatores externos como a deriva de agrotóxicos de lavouras vizinhas e as mudanças climáticas representam ameaças à produção. Essa situação crítica exige uma atenção especial para garantir a continuidade da produção e o sustento das mais de 2.000 famílias que dependem dessa atividade.

A evolução da indústria de seda no Brasil

A indústria de seda no Brasil não é nova, mas passou por transformações significativas ao longo do tempo. Fundada por imigrantes japoneses, a Fiação de Seda Bratac tornou-se um marco em 1940, e a mudança do parque industrial para Londrina em 1974 consolidou o Paraná como o epicentro da produção de seda no Ocidente. A resiliência do setor, que quase quebrou diante da concorrência asiática, se deu pela adoção de tecnologias avançadas e foco na qualidade do produto final.

Conclusão

A produção de seda no Brasil é um exemplo de como a qualidade, a sustentabilidade e a tecnologia podem se unir para criar um produto de excelência. Com um mercado global que valoriza cada vez mais a qualidade, o Brasil está posicionado para continuar sendo um líder na produção de seda, apesar dos desafios que enfrenta.

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