Assembleia Legislativa do Paraná discute ampliação da advocacia dativa para mulheres vítimas de violência

Iniciativa busca garantir assistência jurídica gratuita e especializada para mulheres em situações de violência

Assembleia Legislativa do Paraná discute ampliação da advocacia dativa para mulheres vítimas de violência
Créditos. Foto: Orlando Kissner/Alep

Debate na Assembleia Legislativa do Paraná foca na ampliação da advocacia dativa para proteger mulheres vítimas de violência.

Assembleia Legislativa do Paraná promove debate sobre advocacia dativa

Na segunda-feira (17), a Assembleia Legislativa do Paraná realizou uma audiência pública sobre “A Atuação da Advocacia Dativa Envolvendo a Proteção da Mulher Vítima de Violência”. A iniciativa, proposta pela deputada Ana Júlia (PT) e pelo primeiro-secretário Gugu Bueno (PSD), teve como objetivo discutir a criação de um projeto de lei que assegure assistência jurídica gratuita e especializada às mulheres paranaenses que enfrentam situações de violência.

O evento contou com a participação de representantes do Judiciário, da Defensoria Pública, da OAB e de diversas entidades que atuam no enfrentamento da violência doméstica. Ana Júlia destacou a importância da Lei Maria da Penha, que garante atendimento jurídico gratuito, mas ressaltou que o Estado ainda enfrenta dificuldades em oferecer esse suporte de maneira ágil e eficaz.

Desafios da assistência jurídica

“Infelizmente, a demanda é muito grande e a Defensoria Pública não consegue atender a todas as solicitações. Precisamos encontrar alternativas, e a advocacia dativa pode ser uma solução”, afirmou a deputada. O projeto discutido durante a audiência visa ampliar o escopo da advocacia dativa, permitindo que advogados possam acompanhar mulheres desde a fase administrativa, oferecendo um suporte essencial em momentos críticos.

A presidente da Comissão da Advocacia Dativa da OAB Paraná, Fernanda Weber, apontou que a legislação atual já prevê nomeações dativas para vítimas de violência, mas é necessário operacionalizar essa ação de forma efetiva. “Precisamos garantir que essas mulheres tenham acompanhamento jurídico durante todo o processo”, enfatizou.

Impacto financeiro e planejamento

Lívia Salomão Silva, primeira subdefensora pública-geral do Estado, apresentou dados que evidenciam o tamanho do problema no Paraná: cerca de 80 mil boletins de ocorrência são registrados anualmente por violência doméstica. Ela alertou que, se o atendimento dativo for implementado, os custos podem ser significativos, chegando a aproximadamente R$ 40 milhões, caso cada caso se transforme em processo judicial.

“A operação desse projeto deve ser discutida com a Secretaria da Fazenda para que possamos assegurar sua viabilidade”, complementou Lívia. Alana Marquezine, advogada da Comissão de Enfrentamento à Violência de Gênero, reforçou a necessidade de garantir o acesso à ampla defesa para as mulheres.

A importância da assistência jurídica

Durante o debate, a servidora Carla Aguiar apresentou dados alarmantes sobre a violência contra mulheres no Paraná, destacando que em 2024, 109 mulheres foram vítimas de feminicídio. “Muitas mulheres enfrentam barreiras para obter um atendimento jurídico rápido e especializado, e isso pode ser crucial para sua segurança”, afirmou.

A delegada Luciana de Novaes e a desembargadora Fernanda Karam de Chueiri também participaram do evento, elogiando a iniciativa e destacando a importância do suporte jurídico em casos de violência. Karam enfatizou que é essencial que as vítimas tenham alguém que as represente e auxilie na produção de provas durante o processo.

Próximos passos

O debate na Assembleia Legislativa do Paraná é um passo importante para discutir a integração da advocacia dativa com a Defensoria Pública, buscando uma solução abrangente para a proteção das mulheres vítimas de violência. A proposta de lei ainda precisa ser elaborada e discutida com as autoridades competentes, mas já sinaliza um avanço significativo na luta contra a violência de gênero no estado.

As participantes do evento concordaram que a advocacia dativa deve ser vista como uma complementação às funções da Defensoria Pública, e não como uma substituição. O fortalecimento do sistema de justiça é essencial para garantir que todas as mulheres tenham acesso à defesa e à proteção jurídicas necessárias.

Fonte: www.assembleia.pr.leg.br

Fonte: Orlando Kissner/Alep

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