Produção industrial do curativo biológico promete melhorar tratamento de queimaduras no Brasil

O curativo de pele de tilápia, desenvolvido pela UFC, avança para produção industrial visando atendimento pelo SUS.
Curativo de pele de tilápia avança para produção industrial
O curativo de pele de tilápia, desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará (UFC), está prestes a ser amplamente utilizado na rede hospitalar brasileira. Após dez anos de pesquisas e aplicações bem-sucedidas em pacientes queimados, essa tecnologia inovadora dará um importante passo com o licenciamento da patente para a farmacêutica Biotec. A expectativa é que a produção industrial inicie um novo capítulo no tratamento de queimaduras no Brasil.
Licenciamento e investimentos significativos
A transferência da patente pública para a iniciativa privada é um acontecimento raro no cenário acadêmico brasileiro, permitindo que uma inovação criada na universidade se transforme em um produto disponível em larga escala. A Biotec, cuja sede está em São José dos Campos (SP), está investindo R$ 48 milhões na construção de uma fábrica dedicada ao curativo, dos quais R$ 44 milhões serão direcionados para a planta industrial e R$ 4 milhões para a operacionalização.
Benefícios do curativo de pele de tilápia
O curativo biológico tem se mostrado um avanço significativo no tratamento de queimaduras, com benefícios que incluem a redução da dor em até 48 horas e a diminuição da necessidade de morfina. O material adere à pele do paciente, adquirindo características semelhantes à pele humana, o que potencializa sua eficácia no tratamento. Além das queimaduras, o produto também é utilizado em procedimentos de reconstrução vaginal em mulheres que passaram por radioterapia.
Demanda e produção em larga escala
Com a nova fábrica, a Biotec planeja atender à alta demanda de pacientes queimados no Brasil. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas sofram queimaduras anualmente, cada uma necessitando, em média, de 22 unidades do curativo, resultando em uma demanda superior a 22 milhões de unidades por ano. A produção inicial será de um milhão de unidades no primeiro ano, com a meta de alcançar até 30 milhões em três anos.
Oferta a hospitais e possibilidade de exportação
O curativo será disponibilizado a hospitais, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS), e terá uma versão veterinária. Além disso, a tecnologia poderá ser exportada para países como China e Estados Unidos, onde já é reconhecida. A Biotec também promete que a instalação da fábrica, que poderá ocorrer em São Paulo, será vantajosa devido à logística e à proximidade com os maiores produtores de tilápia do Brasil.
Impacto econômico e social
A pesquisa, que se originou no Ceará, não apenas representa um avanço na medicina, mas também traz implicações econômicas significativas. A UFC e os inventores do curativo receberão R$ 850 mil pelo direito de exploração, além de royalties de 3,7% sobre o lucro líquido da fábrica e a possibilidade de reinvestir 0,5% em pesquisas futuras. A industrialização do curativo de pele de tilápia representa a consolidação de um conhecimento acadêmico que agora pode gerar um impacto positivo na saúde pública e na economia do país.
Conclusão
Com a industrialização do curativo de pele de tilápia, espera-se que milhões de pacientes no Brasil tenham acesso a um tratamento eficaz e inovador para queimaduras. A iniciativa não apenas melhora a qualidade do atendimento em saúde, mas também representa um modelo de sucesso na transferência de tecnologia do meio acadêmico para o setor privado.




