Em um esforço para modernizar a luta contra o HIV/Aids, o governo brasileiro, através do Ministério da Saúde, prioriza o acesso a novas tecnologias de prevenção. O foco principal é a incorporação de medicamentos de longa duração ao Sistema Único de Saúde (SUS), visando uma estratégia mais eficaz e acessível para a população. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante as comemorações do Dia Mundial de Luta contra a Aids.
A iniciativa concentra-se no lenacapavir, um medicamento inovador desenvolvido pela farmacêutica Gilead, que aguarda registro sanitário no Brasil. Este tratamento, administrado via injeção a cada seis meses, representa uma nova abordagem na Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV. A expectativa é que o lenacapavir substitua o regime atual, que exige o uso diário de comprimidos e consultas médicas frequentes.
Estudos clínicos demonstram a alta eficácia do lenacapavir na neutralização da infecção viral, impulsionando o interesse do governo em sua incorporação. “Nós participamos com pacientes, com pesquisadores, com instituições brasileiras, com todo o apoio do nosso programa, da avaliação e estudo clínico sobre essa medicação”, afirmou Padilha, durante o lançamento da campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids”. O ministro expressou o desejo de o Brasil participar ativamente na transferência de tecnologia do produto.
O governo brasileiro busca uma parceria para transferência tecnológica, evitando a quebra de patente, apesar da ausência de registro do produto no país. Países da América Latina, incluindo o Brasil, foram excluídos de uma versão genérica do medicamento que será disponibilizada a 120 países de baixa renda e alta incidência de HIV. A justificativa para essa exclusão é o preço considerado impraticável pela farmacêutica para programas de saúde pública.
“O que está sendo proibitivo é que a empresa quer um preço absolutamente impraticável para programas de saúde pública”, ressaltou Padilha. Ele criticou a oferta de 40 dólares a cada seis meses para países de renda muito baixa, excluindo países de renda média com grande necessidade de combate à pandemia. Nos Estados Unidos, o medicamento foi registrado com um custo estimado de mais de 28 mil dólares por pessoa ao ano.
Carla Almeida, representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids, enfatizou que, caso não haja avanços em acordos de transferência tecnológica, o governo brasileiro deve considerar a quebra de patente. “É preciso que a gente invista no nosso parque industrial nacional, invista no desenvolvimento de novas tecnologias no campo da prevenção e que considere sim o licenciamento compulsório e a quebra de patentes”, defendeu Almeida.
O Brasil tem ampliado suas estratégias de prevenção e tratamento do HIV/Aids, que antes se concentravam na distribuição de preservativos, mas agora incluem a PrEP e a PEP (profilaxia pós-exposição). O país também registrou uma queda de 13% no número de óbitos por aids entre 2023 e 2024, com menos de 10 mil mortes pela primeira vez em três décadas, segundo dados do Ministério da Saúde.
O país avançou na eliminação da transmissão vertical do HIV, quando ocorre da mãe para o bebê. “O Brasil apresentou esse relatório no mês de julho para a Organização Mundial de Saúde, no evento internacional que tivemos aqui, e a expectativa já reafirmada aqui pelo representante da OPAS que, ao longo agora do mês de dezembro, devemos ter a confirmação, o reconhecimento por parte da OMS que o Brasil eliminou a transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública”, comemorou o ministro Padilha.
Fonte: http://jovempan.com.br

