Brasil registra menor abertura de vagas formais de trabalho em outubro desde 2020

Dados do Caged mostram que apenas 85.147 empregos foram criados no mês, abaixo das expectativas

Brasil registra menor abertura de vagas formais de trabalho em outubro desde 2020
Cenário econômico do Brasil em outubro. Foto: Amanda Perobelli

Caged revela que o Brasil abriu apenas 85.147 vagas formais em outubro, o menor número desde 2020.

Brasil abre apenas 85.147 vagas formais em outubro de 2023

O Brasil registrou a abertura de apenas 85.147 vagas formais de trabalho em outubro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Essa informação foi divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego e representa o menor número de vagas abertas em um mês de outubro desde 2020. A situação reflete uma tendência preocupante no mercado de trabalho brasileiro, que já enfrenta desafios significativos.

Expectativas do mercado não se concretizam

O resultado de outubro foi surpreendente e ficou bem abaixo das expectativas dos economistas, que, segundo pesquisa da Reuters, previam uma criação líquida de 105.000 vagas. Esse desempenho se deve a 2.271.460 admissões e 2.186.313 desligamentos, resultando em um saldo negativo que levanta preocupações sobre a saúde do emprego no país. O saldo é o pior já registrado para o mês na série histórica do Novo Caged, que contabiliza dados desde 2020. Para efeito de comparação, no mesmo mês do ano passado, foram criados 131.424 postos de trabalho.

Abertura de vagas no acumulado do ano

No acumulado do ano até outubro, o Brasil registrou a abertura de 1.800.650 vagas, um número inferior ao de 2024, que teve saldo positivo de 2.126.843 no mesmo período. Este resultado coloca o Brasil como o terceiro pior em termos de criação de empregos na série histórica do Caged. Essa crise no setor de empregos é um reflexo de diversas condições econômicas adversas e da instabilidade no mercado de trabalho.

Setores que geraram e perderam empregos

Entre os cinco grupamentos de atividades econômicas, apenas dois registraram saldos positivos de vagas em outubro. O setor de serviços foi o grande responsável pela abertura de vagas, liderando com 82.436 postos criados, seguido pelo comércio, que abriu 25.592 vagas. Em contrapartida, o setor da construção civil fechou 2.875 postos, enquanto os setores de agropecuária e indústria registraram perdas de 9.917 e 10.092 vagas, respectivamente. Esses dados evidenciam a fragilidade de alguns setores da economia brasileira e a necessidade de políticas públicas que estimulem a geração de empregos.

O papel da política monetária no emprego

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, atribuiu parte dos resultados negativos a fatores sazonais do setor agropecuário. Além disso, ele reiterou a importância de o Banco Central considerar um afrouxamento de sua política monetária para não desacelerar ainda mais a atividade econômica, que impacta diretamente na criação de empregos. Marinho acredita que algumas decisões tomadas podem ajudar no crescimento econômico em 2026, como o aumento real do salário mínimo e a isenção do Imposto de Renda, que, segundo ele, podem alavancar a economia.

Expectativas do mercado de trabalho

André Valério, economista sênior do Inter, analisou os dados e reafirmou que o resultado do Caged indica uma acomodação no mercado de trabalho. Valério observou que a média móvel de seis meses das admissões tem mostrado uma tendência de queda. Apesar desse cenário desafiador, ele acredita que o mercado de trabalho poderá manter uma certa robustez até o final do ano, embora com uma perda gradual de dinamismo. A previsão é de uma taxa de desemprego de 5,5% ao final deste ano e de 6,4% ao final de 2026.

Possíveis liberações de recursos do FGTS

Marinho também mencionou que, no primeiro trimestre de 2026, levará para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de liberar saldos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) retidos por adesão ao saque-aniversário. Essa medida poderá beneficiar muitos trabalhadores que ainda têm recursos retidos, mesmo após a demissão. O pedido de liberação envolve cerca de 13 milhões de trabalhadores, o que pode representar uma injeção de recursos significativos na economia.

Esses eventos refletem uma realidade complexa do mercado de trabalho brasileiro, que continua a enfrentar muitos desafios, enquanto se busca soluções para estimular a criação de empregos e, consequentemente, a recuperação econômica.

Fonte: www.infomoney.com.br

Fonte: Amanda Perobelli

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