Calendário Insano: Relembre (e Critique) os Dias em que Times Jogaram Dobrado no Brasil

O apertado calendário do futebol brasileiro, com suas competições sobrepostas e viagens exaustivas, frequentemente expõe os jogadores a um desgaste físico extremo, aumentando o risco de lesões. Além disso, a ausência de pausas durante torneios internacionais agrava ainda mais o problema. A CBF estabelece um intervalo mínimo de 66 horas entre partidas, mas a regra nem sempre é cumprida, levando a situações extremas.

Em casos mais absurdos, equipes foram forçadas a disputar dois jogos no mesmo dia, um feito que desafia a lógica do esporte e coloca em risco a integridade física dos atletas. Relembre alguns dos episódios mais marcantes em que o futebol brasileiro testemunhou essa verdadeira maratona.

Um exemplo recente ocorreu em 2016, quando o Bahia entrou em campo duas vezes em poucas horas. Primeiro, goleou o Galícia por 4 a 0 pelo Campeonato Baiano, às 19h30, na Fonte Nova, com o time titular. Em seguida, às 21h45, um time sub-20 venceu o Juazeirense por 2 a 1 pela Copa do Nordeste, em Petrolina, a mais de 500 km de distância. Uma logística complexa para cumprir dois compromissos no mesmo dia.

Naquele mesmo ano, o Independiente del Valle, do Equador, enfrentou uma situação ainda mais peculiar. No dia 20 de julho, a equipe disputou a final da Copa Libertadores contra o Atlético Nacional, empatando em 1 a 1 em casa, às 19h45. Apenas seis horas antes, um time alternativo já havia entrado em campo pelo Campeonato Equatoriano, perdendo para o El Nacional por 5 a 2. O técnico Pablo Repetto esteve presente em ambas as partidas.

Remontando a 2003, o Ceará também dividiu suas atenções em dois jogos simultâneos: um pelo Campeonato Cearense e outro pela Copa do Nordeste, ambos às 20h30. O time titular viajou para a Bahia para enfrentar o Fluminense de Feira de Santana, enquanto o time reserva permaneceu em Fortaleza para jogar contra o Boa Viagem. O resultado? Duas derrotas por 2 a 0, evidenciando a dificuldade de competir em duas frentes ao mesmo tempo.

Em 2018, a Chapecoense protagonizou uma jornada dupla com contornos ainda mais dramáticos, marcando talvez o recorde de distância entre duas partidas no mesmo dia. Um time alternativo viajou à Itália para um amistoso contra o Torino, em homenagem às vítimas de tragédias aéreas que atingiram ambos os clubes. Já o time titular enfrentou o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro, na NeoQuímica Arena, perdendo por 1 a 0.

“O ano de 1994 marcou, provavelmente, um recorde de times jogando no mesmo dia”, relembra um analista esportivo. A temporada foi marcada por um calendário caótico e a invenção de novos torneios pela Federação Paulista de Futebol, como a Copa Bandeirante. No dia 29 de julho, o São Paulo jogou contra o Araçatuba pela Copa Bandeirante com o Expressinho, enquanto o time principal enfrentava o Unión Española pela Libertadores.

Quatro meses depois, em 16 de novembro, o São Paulo repetiu a dose, com Juninho Paulista atuando nas duas partidas. O Expressinho venceu o Sporting Cristal pela Copa Conmebol, e o time titular derrotou o Grêmio pelo Campeonato Brasileiro. Uma verdadeira maratona para o clube e seus atletas. O São Paulo disputou 92 jogos em 1994, um número impressionante que reflete a intensidade do calendário.

No mesmo ano, a Federação Gaúcha de Futebol promoveu um Campeonato Gaúcho interminável, com 44 rodadas. O Grêmio, além do Gauchão, disputava outras competições, jogando praticamente a cada dois dias. Em 11 de dezembro, o ápice do absurdo: o Grêmio foi obrigado a jogar três vezes no mesmo dia, apenas para cumprir tabela.

Em 16 de agosto de 2025, três times paulistas reviveram o pesadelo da jornada dupla. Guarani, Internacional de Limeira e Botafogo de Ribeirão Preto dividiram seus elencos para disputar partidas da Copa Paulista e de suas respectivas divisões do Campeonato Brasileiro. Uma demonstração de que, apesar das críticas e dos avanços no futebol, o problema do calendário sobrecarregado ainda persiste.

Fonte: http://esporte.ig.com.br

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