A disputa em torno do PL Antifacção pode prejudicar a articulação do governo na Câmara

Conflito entre PT e presidente da Câmara, Hugo Motta, pode comprometer a PEC da Segurança Pública.
A deterioração das relações na Câmara
A disputa sobre o PL Antifacção feriu fortemente a relação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ). Essa tensão, alertam caciques do Centrão, respingará na articulação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Casa e tem capacidade para afogar a PEC da Segurança Pública, proposta que visa reformular o setor.
Motivos da discórdia entre PT e presidência da Câmara
Conforme interlocutores de ambos os lados, Motta e Lindbergh não veem clima para diálogo. O embate se intensificou quando o líder petista decidiu judicializar temas em disputa na Câmara. O estopim dessa crise foi a escolha do presidente da Câmara em dar a relatoria do PL Antifacção para Guilherme Derrite (PP), um deputado licenciado e secretário de Segurança do governo de Tarcísio em São Paulo.
Um nome próximo a Motta acredita que a derrota poderia ser exclusivamente do PT, mas que o governo decidiu entrar na briga ao apoiar o discurso de Lindbergh. A base petista, por sua vez, se sente atacada, pois o presidente da Câmara confiou a relatoria de um projeto importante, gestado pelo governo, a um membro da oposição que poderia dificultar qualquer avanço do governo sobre a pauta da segurança.
A repercussão do PL Antifacção
A tensão se tornou pública, com Lindbergh denunciando uma “quebra de confiança” com Motta após a aprovação do PL. Há preocupações sobre como o PL Antifacção poderá asfixiar financeiramente a Polícia Federal (PF), gerando mais incômodos ao governo. O presidente da Câmara, por sua vez, usou suas redes sociais para afirmar que o Planalto errou ao se posicionar contra o projeto.
Procurado para comentar, Lindbergh mencionou que não tinha conversado com Motta desde a aprovação do projeto, mas destacou que o cumprimentou durante a análise do texto. “Continuarei defendendo a minha posição e a do partido”, disse o parlamentar. O presidente da Câmara não fez comentários até o fechamento desta reportagem.
Expectativas para o futuro da PEC da Segurança
A disputa promete um novo round. O projeto, que já foi aprovado na Câmara, deve passar por alterações no Senado, retornando depois para nova análise dos deputados. Caciques do Centrão afirmam que o clima não é favorável à PEC da Segurança Pública, pelo menos não nos moldes que o governo deseja. A proposta está sob relatoria de Mendonça Filho (União-PE), que, embora seja da oposição, possui um perfil moderado.
Segundo esses líderes, o governo se enfraqueceu na luta pelo PL Antifacção, levando a oposição a buscar mais mudanças na PEC da Segurança. O relatório da proposta deve ser apresentado até o dia 4 de dezembro. Se a tensão persistir, alertam caciques próximos a Motta, o tema pode não ser votado em 2025, já que a Casa não pode se dar ao luxo de ficar dividida com as votações do Orçamento de 2026 se quiser evitar o risco de um novo contingenciamento de recursos federais, em especial das suas emendas.
Fonte: www.metropoles.com



