Conferência em Belém aborda promessas não cumpridas e a necessidade de ações concretas

COP completa 30 anos em Belém, mas enfrenta críticas por promessas não cumpridas e aumento das emissões globais.
COP30: Um marco de 30 anos e os desafios atuais
Na segunda-feira (10), a cidade de Belém se transformou no centro das discussões climáticas globais com o início da 30ª Conferência das Partes (COP30), que se estenderá até 21 de novembro. A COP30 reúne líderes de quase 200 países, cientistas e ativistas, todos com o objetivo de acelerar a redução das emissões de gases de efeito estufa e fortalecer a adaptação às mudanças climáticas. A celebração de três décadas de conferências climáticas, no entanto, é marcada por uma reflexão crítica sobre os fracassos em cumprir promessas de redução de emissões.
A trajetória da COP: avanços e retrocessos
Desde sua primeira edição em 1995, na COP1 em Berlim, as negociações climáticas têm visto alguns consensos importantes, mas também muitas frustrações. O Protocolo de Kyoto, assinado na COP3 em 1997, estabeleceu as primeiras metas juridicamente vinculativas para a redução de emissões, mas seu impacto foi limitado, em parte pela não ratificação dos Estados Unidos, um dos maiores emissores globais.
O marco mais significativo se deu em 2015, na COP21, com o Acordo de Paris, que uniu 195 países em um esforço para limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. No entanto, mesmo com esse compromisso, as emissões globais continuam a crescer, levando a um alerta da ONU que indica um aumento potencial de 2,5°C a 2,9°C até o final do século.
Promessas não cumpridas e críticas à governança
Um dos principais entraves para a eficácia das COPs é a lacuna entre o que é prometido e o que é efetivamente implementado. A promessa mais emblemática não cumprida ocorreu na COP15, em Copenhague, onde países desenvolvidos se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para ajudar na mitigação da crise climática em países em desenvolvimento. Essa falha agrava a desconfiança e a frustração entre nações mais vulneráveis.
A estrutura de governança é frequentemente criticada, pois a exigência de consenso entre quase 200 países resulta em acordos diluídos. De acordo com João Alfredo Lopes Nyegray, professor de Negócios Internacionais, esse modelo se mostra esgotado e ineficaz para atender às necessidades urgentes da crise climática, levando a um ciclo de procrastinação e compromissos vagos que não se concretizam.
Uma nova abordagem necessária
À medida que a COP30 avança, especialistas como o climatologista Carlos Nobre destacam a urgência de ações concretas. Nobre enfatiza a necessidade de cortes de emissões de pelo menos 5% ao ano e a restauração em larga escala de biomas, especialmente florestas tropicais, como medidas essenciais para limitar o aumento da temperatura global.
O sucesso ou fracasso da COP30 será avaliado não apenas pelos acordos firmados, mas pela implementação de mudanças práticas que possam realmente impactar a luta contra a crise climática. Para o Brasil, a conferência apresenta uma oportunidade de se consolidar como um líder ambiental, embora também exponha suas próprias contradições e desafios, especialmente no que diz respeito à exploração de petróleo na Margem Equatorial.
O futuro das COPs
O futuro das Conferências das Partes depende da capacidade de seus participantes em transformar promessas em ações. A pressão por resultados concretos e efetivos é crescente, e a comunidade internacional observa atentamente o desenrolar das discussões em Belém. As COPs devem evoluir de meros eventos midiáticos para plataformas onde compromissos reais sejam firmados e cumpridos, de acordo com as demandas urgentes da ciência climática.


