A França enfrenta uma nova turbulência política com a renúncia surpreendente do Primeiro-Ministro Sébastien Lecornu, apenas algumas semanas após sua nomeação. O Palácio do Eliseu confirmou a aceitação da renúncia pelo Presidente Emmanuel Macron, lançando dúvidas sobre o futuro do governo em meio a desafios econômicos persistentes. A decisão inesperada ocorre em um momento crítico, intensificando a pressão sobre Macron para encontrar uma solução que preserve a estabilidade do país.
Lecornu, que assumiu o cargo em 9 de setembro, justificou sua saída com a alegação de intransigência entre as forças políticas francesas. “Eu estava pronto para ceder, mas cada partido político queria que o outro adotasse todo o seu programa”, declarou Lecornu em um discurso no Palácio de Matignon, evidenciando a dificuldade em construir consenso em um cenário político fragmentado. A renúncia frustra os planos de reformulação ministerial que haviam sido anunciados horas antes.
Com apenas 39 anos, Lecornu, além de ter sido o quinto primeiro-ministro do segundo mandato de Macron, também detém o título de mais jovem Ministro da Defesa da história francesa. Sua gestão se destacou pela idealização de um plano de reforço militar ambicioso até 2030, em resposta direta ao conflito na Ucrânia. A saída repentina interrompe essa trajetória e deixa um vácuo em áreas estratégicas do governo.
A instabilidade política se agrava em um contexto de crise econômica, com a França lidando com um dos maiores endividamentos da União Europeia. A oposição, liderada por Marine Le Pen, do Reunião Nacional (RN), intensifica a pressão por eleições antecipadas, buscando capitalizar o descontentamento popular. “São absolutamente necessárias neste momento”, afirmou Le Pen, indicando a ambição do partido em assumir o poder.
Diante deste cenário complexo, Macron enfrenta escolhas difíceis. Ele pode nomear um novo primeiro-ministro, dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas, ou, em um cenário menos provável, renunciar ao cargo. A decisão, que ainda não foi anunciada, deve levar em conta o risco de fortalecer o RN, que tem demonstrado crescimento em pesquisas recentes, e o potencial desgaste com aliados caso opte por nomes ligados à esquerda.