A Associação de Músicos do Theatro Municipal (Amithem) intensificou a pressão sobre a gestão do Theatro Municipal de São Paulo, acionando o Ministério Público (MP-SP) contra a Fundação Theatro Municipal. A ação contesta o contrato mantido com a Sustenidos, organização social responsável pela administração do espaço, em um momento em que a própria Prefeitura de São Paulo já havia manifestado interesse em rescindir o acordo.
O pedido de intervenção do MP-SP, formalizado no início de outubro, alerta para o “risco de dano irreparável ao patrimônio material e imaterial” do Theatro Municipal. A Amithem questiona a legalidade do contrato de gestão entre a Sustenidos e a Prefeitura, alegando irregularidades no processo.
Um dos pontos centrais da denúncia é a ausência de um novo edital para a escolha da organização social responsável pela gestão do teatro. Em 2023, o Tribunal de Contas do Município (TCM) havia solicitado a abertura de uma nova concorrência, apontando “falhas no procedimento feito pelo Poder Público”, conforme nota da Sustenidos, mas o pedido não foi atendido.
A Sustenidos se defende, afirmando que uma auditoria realizada em 2024 atestou a regularidade das prestações de contas e o cumprimento da maioria das metas estabelecidas. A organização argumenta que as orientações do TCM sobre a necessidade de um novo edital não se basearam em supostas irregularidades por parte da OS.
O imbróglio se intensificou em meio a divergências ideológicas entre a Prefeitura e a Sustenidos. Em setembro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a solicitar o cancelamento do contrato após um funcionário da OS compartilhar uma publicação nas redes sociais com críticas ao ativista conservador americano Charlie Kirk.
A situação se agravou com a suspensão do contrabaixista Brian Fountain, presidente da Amithem e integrante da Orquestra Sinfônica Municipal, após críticas à atual montagem de Macbeth. Em resposta, artistas do Theatro Municipal realizaram um protesto no dia 7 de novembro.
“Difamação é justamente o que temos sofrido pelas gestões assediosas e por omissão da Fundação Theatro Municipal nos últimos anos”, declarou um representante dos músicos em vídeo publicado nas redes sociais. “Estamos em oposição à gestão da Sustenidos e à atual diretoria da Fundação Theatro Municipal”.
Os músicos também criticam a minuta de edital para a escolha de uma nova organização social, que substituirá a Sustenidos em 2026, por não ter consultado os corpos artísticos do Theatro. O Sindicato dos Músicos Profissionais no Estado de São Paulo classificou o documento como inconsistente e inadequado ao futuro do teatro, alertando para a “redução drástica dos efetivos nos últimos anos, resultando em inevitável perda de qualidade”.
Fonte: http://jovempan.com.br
