Economistas avaliam cenário fiscal e suas implicações futuras

Com um déficit primário de R$ 100,4 bilhões até setembro, economistas alertam para incertezas fiscais em 2026, destacando a necessidade de ajustes orçamentários.
Em Brasília, 5 de outubro de 2023 — O Tesouro Nacional anunciou um déficit primário de R$ 100,4 bilhões do governo central até setembro. Economistas afirmam que esse resultado, embora preocupante, está dentro das expectativas e não requer novos cortes orçamentários. Contudo, as incertezas quanto ao cenário fiscal de 2026 permanecem, especialmente se as condições econômicas adversas persistirem.
Análise do resultado fiscal
Em setembro, o resultado primário foi negativo em R$ 14,5 bilhões, superando o déficit de R$ 5,2 bilhões do mesmo mês de 2024, mas ainda dentro da mediana das projeções, em torno de R$ 15 bilhões. Tiago Sbardelotto, economista da XP, destacou que as receitas líquidas cresceram apenas 0,6% na comparação entre setembro de 2024 e 2025, enquanto as despesas totais aumentaram 5,7% em termos reais.
Entre os fatores que impactaram a arrecadação, a contribuição do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) teve alta de 11,9% em relação ao ano anterior, refletindo um mercado de trabalho aquecido e a diminuição das compensações tributárias.
Despesas e pressões orçamentárias
As despesas discricionárias, em especial as emendas parlamentares, aumentaram 100,9% anualmente, o que pressiona as contas públicas. Outros fatores que contribuíram para o aumento das despesas incluem o seguro-desemprego e o abono salarial, que cresceram 19,3%, assim como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que teve alta de 5,8%.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, alertou que, apesar da alta real de 2,7% na receita total em setembro, as despesas seguem crescendo, com um aumento de 5,7% acima da inflação. Isso levanta preocupações sobre o cumprimento da meta de zerar o déficit em 2025, especialmente no contexto de desaceleração da arrecadação tributária.
Projeções e desafios futuros
A XP projeta um déficit primário de R$ 60,7 bilhões para 2025, o que representa 0,5% do PIB. Já a Instituição Fiscal Independente do Senado indicou que será necessário um esforço adicional de R$ 27,1 bilhões até o final de 2025 para que o governo atinja a meta de resultado primário zero. A perda de eficácia da Medida Provisória 1.303, que previa compensações tributárias, também é um fator de risco adicional para o cumprimento da meta fiscal, o que agrava o cenário já desafiador para 2026.
Notícia feita com informações do portal: www.infomoney.com.br

 
			

